Mortes por febre maculosa em Campinas-SP acendem alerta de profissionais de saúde

A febre maculosa é uma rickettsiose, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii. Embora seja uma doença infecciosa, não é transmitida pessoa a pessoa.

A ocorrência de um provável surto de febre maculosa na região de Campinas, SP, vem chamando a atenção para essa doença pouco lembrada. O reconhecimento e tratamento precoces são essenciais para diminuir a mortalidade da condição. Confira agora alguns pontos relevantes sobre a febre maculosa.

Mortes por febre maculosa em Campinas-SP acende alerta de profissionais de saúde

Etiologia e transmissão da febre maculosa 

A infecção ocorre por meio da picada de insetos vetores, no caso carrapatos do gênero Amblyomma, principalmente a espécie A. cajennense, o carrapato-estrela. Esses carrapatos parasitam em geral animais de grande porte, como cavalos e bois, e outros mamíferos, como gambás e capivaras.

Para que a transmissão seja efetiva, o carrapato infectado deve ficar em contato com a pele do indivíduo por pelo menos quatro horas. Por esse motivo, os mais jovens e menores apresentam maior risco de transmissão por serem de difícil visualização. O período de incubação é de 2 a 14 dias, com uma média de 7 dias.

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Quadro clínico

Os sintomas iniciais da febre maculosa são geralmente inespecíficos, com febre alta, cefaleia, mialgia, anorexia, fadiga, náuseas e vômitos, de início súbito. Rash cutâneo típico, que surge por volta do 3° ao 5° dia de doença, com uma característica maculopapular que geralmente se inicia em punhos e tornozelos, para depois tornar-se difuso, afetando inclusive palmas e plantas, é um sinal que pode ajudar a levantar a suspeita da doença e a diferenciá-la de outras, mas pode não estar presente (ausente em 9 – 12% dos pacientes) ou ser de difícil visualização. Em casos graves, pode haver evolução para hipotensão, comprometimento de sistema nervoso central, disfunção renal, lesões vasculares e insuficiência respiratória.

O Ministério da Saúde define como caso suspeito: indivíduo que apresente febre de moderada a alta, cefaleia de início súbito, mialgia, história de picada de carrapatos e/ou contato com animais domésticos e/ou silvestres e/ou tenha frequentado área sabidamente de transmissão da Febre Maculosa nos últimos 15 dias; ou, ainda, indivíduo que apresente febre de início súbito, mialgia, cefaleia, seguida por aparecimento de exantema maculopapular entre 2 a 5 dias dos sintomas e/ou manifestações hemorrágicas, excluídas outras patologias.

Todo caso suspeito de febre maculosa é de notificação compulsória imediata.

Diagnóstico

O diagnóstico pode, muitas vezes, ser difícil, exigindo um alto grau de suspeição por parte do médico assistente. O método mais utilizado é a sorologia, que pode exigir pareamento de amostras. Detecção por PCR também é possível. Imunohistoquímica pode ser empregada em casos de biópsia de tecidos, como de lesões de pele.

O diagnóstico diferencial se faz com outras doenças febris agudas e exantemáticas, como dengue, leptospirose, estafilococcias, sepse comunitária, encefalites, malária e hepatites virais.

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Tratamento

Sem tratamento, a mortalidade da febre maculosa pode chegar a 80% em algumas séries. O tratamento precoce é o principal diferencial. Quando iniciado nos primeiros três dias de doença, a taxa de mortalidade fica em torno de 2% para crianças e de 9% para os com mais de 65 anos.

O tratamento de escolha é doxiciclina 100 mg, 12/12 horas, VO ou IV, por um mínimo de 7 dias, devendo ser mantida por pelo menos três dias após o paciente tornar-se afebril. Como exposto, a medicação deve ser iniciada o mais precocemente possível, idealmente nas primeiras 72 horas. Dessa forma, o tratamento é inicialmente empírico na maior parte dos casos. Cloranfenicol é a alternativa quando doxiciclina não está disponível ou não pode ser utilizada.

Prevenção da febre maculosa 

As principais formas de prevenção estão relacionadas a evitar o contato com o vetor:

  • uso de roupas e calçados adequados, com preferência para roupas compridas e claras, e botas;
  • evitar caminhar em áreas que sejam sabidamente infestadas por carrapatos;
  • verificar, a cada duas horas, se há algum carrapato grudado no corpo;
  • não esmagar carrapatos que estejam presos no corpo, pois essa prática favorece a liberação de bactérias; retirá-los com pinça;
  • evitar andar em áreas com grama ou vegetação alta.

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