Náuseas e vômitos na gravidez: recomendações 2018

Em janeiro de 2018, no Boletim da ACOG foi publicado guideline referente ao manejo clínico para náuseas e vômitos da gravidez. Esta é uma condição comum, com taxas de prevalência para náuseas de 50-80% e para vômitos de 50%.

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Em janeiro de 2018, no Boletim da ACOG foi publicado guideline referente ao manejo clínico para náuseas e vômitos da gravidez. Esta é uma condição comum, com taxas de prevalência para náuseas de 50-80% e para vômitos de 50%. A recorrência destes sintomas em uma gravidez subsequente varia de 15 a 81%.

O vômito grave que resulta em desidratação e perda ponderal é denominado hiperêmese gravídica. É pouco frequente, com incidência variando de 0,3-3% das gestações e trata-se de um diagnóstico clínico de exclusão.

Critérios: vômitos persistentes não relacionados a outras causas, geralmente cetonúria devido ao jejum agudo, perda de peso, na maioria das vezes, pelo menos 5% do peso pré-gestacional. Anormalidades eletrolíticas, tireoidianas e hepáticas também podem estar presente.

Náuseas e vômitos relacionados à gravidez manifestam-se antes das 9 semanas de gestação em praticamente todas as mulheres afetadas. Quando uma paciente apresenta o início desses sintomas após 9 semanas de gestação, outras condições devem ser cuidadosamente consideradas no diagnóstico diferencial.

Gastrointestinais Geniturinário Metabólica Sistema nervoso Relacionados a gravidez Condições diversas
Gastroenterite pielonefrite Cetoacidose diabética Pseudotumor cerebral Fígado gorduroso agudo da gravidez Toxicidade ou intolerância a medicamentos
Gastroparesia Uremia Porfiria Lesões vestibulares Pré-eclâmpsia Condições psicológicas
Achalasia Torção ovariana Doença de Addison Enxaqueca
Doença do trato biliar calculo renal Hipertireoidismo Tumores do sistema nervoso central
Hepatite leiomioma uterino em degeneração Hiperparatiroidismo Hipofisite linfocítica
Obstrução intestinal
Úlcera péptica
Pancreatite
Apendicite
*Adaptado de: Goodwin TM. Hyperemesis gravidarum. Obstet Gynecol Clin North Am 2008;35:401–17, viii, with permission from Elsevier.

Fatores de risco

Mulheres com massa placentária aumentada (gestação molar ou gestação múltipla), história pregressa de enxaqueca, história familiar (genética) ou pessoal de hiperêmese estão em risco aumentado.

Efeitos maternos

Embora a morte por náuseas e vômitos na gravidez seja raramente relatado, pode ocorrer morbidade significativa, como encefalopatia de Wernicke causada pela deficiência vitamina B1, avulsão esplênica, ruptura esofágica, pneumotórax e necrose tubular aguda.

Efeitos fetais

A gravidade das náuseas e vômitos pode resultar em efeitos no embrião e no feto. Vômitos moderados há pouco efeito aparente no resultado da gravidez. Estudos documentaram uma menor taxa de aborto espontâneo entre mulheres com náuseas e vômitos da gravidez e hiperêmese gravídica quando comparada com controles. Este resultado parece estar relacionado com a forte adesão placentária em uma gravidez saudável em vez de um efeito protetor dos vômitos. Nenhuma associação significativa de hiperêmese gravídica com anomalias congênitas foi demonstrado. Alguns estudos relatam que baixo peso ao nascer possa ser um resultado mais frequente. De um modo geral, a gravidez exibe bons resultados.

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Recomendações da ACOG

Nível A de evidência:

Tratamento de náuseas e vômitos gestacionais com vitamina B6 (piridoxina) somente ou associada a doxilamina é segura, eficaz e deve ser considerado primeira linha de farmacoterapia. A recomendação padrão para tomar vitaminas pré-natais por 1 mês antes da fecundação pode reduzir a incidência e gravidade dos sintomas. O manejo adequado dos testes tireoidianos anormais atribuíveis a tireotoxicose transitória da gestação ou hiperêmese gravídica, ou mesmo ambos, inclui terapias de suporte; medicamentos antitireoidianos não são recomendados.

Nível B de evidência:

Tratamento com gengibre (cápsulas de 250 mg quatro vezes ao dia) mostrou alguns efeitos benéficos em reduzir náuseas e pode ser considerado como uma opção não-farmacológica. Tratamento de náuseas e vômitos gestacionais grave ou hiperêmese gravídica com metilprednisolona pode ser eficaz em casos refratários; no entanto, o perfil de risco da metilprednisolona sugere que seja um tratamento de último recurso.

Nível C de evidência:

Tratamento precoce de náuseas e vômitos da gravidez pode ser benéfico para evitar progressão para hiperêmese gravídica. A hidratação intravenosa deve ser usada para os pacientes que não toleram líquidos orais durante um período prolongado ou se sinais clínicos de desidratação. A correção da cetose e da deficiência de vitaminas deve ser fortemente considerado. Glicose e vitaminas devem ser incluídos na terapia quando vômitos prolongados. Tiamina deve ser administrado antes da infusão de Glicose para evitar encefalopatia de Wernicke. Alimentação por sonda nasogástrica ou nasoduodenal deve ser iniciado como o tratamento de primeira linha para fornecer suporte nutricional à mulher com hiperêmese gravidica refratária ao tratamento clínico e que não consegue manter seu peso. Os cateteres centrais não devem ser usados rotineiramente em mulheres com hiperêmese gravídica dado as complicações significativas associadas com essa intervenção. Os cateteres centrais devem ser utilizados apenas como último recurso devido a grave morbidade materna.

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Referências:

  • Nausea and Vomiting of Pregnancy. Bulletin Clinical Management Guidelines for Obstetrician – Gynecologists. Obstet Gynecol. 2018;131(1):e15–30.

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