Os médicos de hoje estão sob uma enorme pressão para controlar custos, mantendo a qualidade e a produtividade, mesmo com recursos escassos e falta de segurança. Essa pressão diária leva à exaustão e ao esgotamento profissional (burnout), conduzindo à depressão, desmotivação e deslocamento social. Uma pesquisa recente mostrou que esses fatores levam a um aumento da taxa de suicídio entre médicos!
O New England Journal of Medicine (NEJM) publicou o relato do Dr. Adam, pediatra com história de depressão e ideação suicida, que quase abandonou sua carreira e sua família. Sua jornada para recuperação teve seis lições fundamentais para todos os profissionais de saúde:
1. Autocuidado
O primeiro passo é o autocuidado e a criação de um plano para lidar com o trabalho rigoroso e estressante. No caso do Dr. Adam, atividades de aconselhamento, meditação e atenção plena, exercícios e grupos de apoio fizeram parte desse processo. O objetivo é desenvolver uma auto-consciência para reconhecer as próprias emoções e gatilhos, e assim, definir seus limites na medicina e na vida pessoal.
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2. Esteriótipos
Em seu relato, Dr. Adam conta que é alcoólatra em recuperação e como isso fez com que as pessoas o estereotipassem como um “vagabundo”, o que o fez sentir medo, vergonha e culpa. Esses sentimentos afastam os pacientes das conexões humanas e da empatia. A lição aqui foi o reconhecimento de que cada pessoa tem uma história única e os profissionais devem ouvi-la, sem qualquer pré-julgamento.
3. Estigma
Por que as instituições médicas toleram o fato de que boa parte do seu staff tem sinais ou sintomas de burnout? Esse questionamento vem do estigma que as condições de saúde mental sofrem. E apesar de os médicos terem lutado por muitos anos para classificá-las como diagnósticos, esse estigma ainda vive entre os profissionais e precisa ser deixado de lado.
Veja também: ‘Não deixe o burnout derrubar você’
4. Honestidade
Ser honesto consigo mesmo ajuda a desenvolver auto-compaixão e compreensão. E ser honesto com as pessoas ao seu redor também desbloqueia esses sentimentos, gerando conexão humana.
5. Profissionalismo e segurança do paciente
A profissão médica lida com vidas em risco a todo o momento, e a segurança do paciente é fundamental. Os profissionais que representam um risco para o paciente são aqueles com condições médicas ativas e não tratadas que não buscam ajuda por medo e vergonha. Os médicos que estão envolvidos com sucesso em um programa de tratamento são realmente os mais seguros, graças aos seus próprios planos de auto-atendimento e programas de apoio e prestação de contas. Médicos mentalmente saudáveis são seguros, produtivos e eficazes.
E mais: ‘1 em cada 4 estudantes de medicina sofre de depressão. E o pior: não procuram ajuda!’
6. Rede de apoio
A última lição é sobre a construção de uma rede de apoio. Você pode começar pequeno e gradualmente adicionar pessoas confiáveis, de seu cônjuge e família para amigos, conselheiros e, eventualmente, colegas. Uma rede de apoio também pode mantê-lo responsável, garantindo que você permaneça fiel aos seus próprios padrões pessoais e profissionais.
Leia aqui o relato completo publicado no NEJM.
Referências:
- Breaking the Stigma — A Physician’s Perspective on Self-Care and Recovery. Adam B. Hill, M.D. N Engl J Med 2017; 376:1103-1105March 23, 2017DOI: 10.1056/NEJMp1615974