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Neste mês, voltamos nosso olhar à prematuridade, com a campanha Novembro Roxo. A apneia da prematuridade é um dos diagnósticos mais frequentes em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Acomete, em especial, os prematuros com idade gestacional inferior a 34 semanas, sendo inversamente relacionada à idade gestacional (IG) e à maturidade do centro respiratório do tronco cerebral.
Pode ser explicada como uma interrupção da entrada do fluxo de ar nas vias aéreas superiores (VAS) durante 15 a 20 segundos, por uma pausa ou não dos movimentos respiratórios.
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Apneia da prematuridade
Pode ser classificada como:
- Central: a ausência do fluxo deriva, inicialmente, de uma interrupção dos movimentos respiratórios, mas sem associação a um processo obstrutivo alto (10 a 15% dos casos);
- Obstrutiva: a interrupção do fluxo aéreo ocorre (geralmente ao nível da faringe), mesmo com movimentação da caixa torácica (10 a 20% dos casos);
- Mista: ocorre interrupção do fluxo aéreo por colabamento das VAS e, em seguida, há pausa simultânea na movimentação da caixa torácica (50 a 75% dos casos).
Durante a investigação do neonato com apneia, alguns fatores devem ser considerados. São eles:
- História da mãe (se fez uso de medicamentos e drogas);
- História do parto (atentar para sinais de asfixia);
- IG;
- Administração de medicamentos no neonato;
- Estado metabólicos;
- Sepse.
A apneia decorrente de mal posicionamento do neonato, seguida de apneia obstrutiva e a apneia provocada por distermia (hipo ou hipertermia) são duas causas frequente de apneia e são de fácil resolução, com a aplicação de medidas como melhora do posicionamento e normalização da temperatura da criança.
Além do exame físico minucioso, deve-se avaliar o tempo de surgimento da apneia, a IG do bebê, outros sinais clínicos que possam sugerir sepse ou lesão do sistema nervoso central e o uso de medicamentos.
A indicação de exames laboratoriais deve ser individualizada: hemograma completo, proteína C reativa, eletrólitos (sódio, cálcio e magnésio), glicemia, gasometria, ecocardiograma em neonatos com sopro cardíaco e ultrassonografia transfontanela em bebês em risco de hemorragia peri e intraventricular ou em bebês com alteração no exame neurológico.
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Em neonatos que apresentam apneia, mas que também tem suspeita de refluxo gastroesofágico, a pHmetria de 24 horas está indicada.
Em relação ao tratamento farmacológico, há muitos anos o uso de metilxantinas tem sido uma das bases. Podem ser usadas a cafeína ou a teofilina, cujos mecanismos incluem:
- Proporcionam aumento da sensibilidade dos receptores ao CO2;
- Aumentam o volume-minuto;
- Potencializam o trabalho do diafragma;
- Reduzem a sensibilidade à depressão respiratória pela hipóxia;
- Reduzem a respiração periódica.
A pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP – Continuous Positive Airway Pressure) com o uso de prongas nasais, máscara facial ou máscara nasal é outra forma bastante utilizada de tratamento da apneia da prematuridade.
No CPAP, as pressões são mantidas em torno de 2 a 5 cmH2O, com diferentes concentrações de oxigênio. O uso de CPAP, associado ao uso de metilxantinas, tem sido bastante efetivo na terapêutica da apneia, principalmente se for de origem obstrutiva ou mista.
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Autor:
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação.
Referências bibliográficas:
- EICHENWALD, E. C; COMMITTEE ON FETUS AND NEWBORN. Apnea of Prematurity. Pediatrics, v.137, n.1, 2016
- SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE SÃO PAULO. Manual de Neonatologia. 2015. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3905402/mod_resource/content/1/manual_de_neonatologia.pdf Acesso em: 23 de nov. 2019
- OLIVEIRA, N. D. Prematuridade e Crescimento Fetal Restrito. In: SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Tratado de Pediatria. V. 2. Manole: Barueri, 2017. Seção 16. Cap 1. p.1209-1214