A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu uma nova recomendação para que bebês pequenos com baixo peso (menos de 2,5 quilos) ou prematuros sejam encaminhados, se possível, diretamente para o colo da mãe após o nascimento.
Antes dessa nova decisão internacional, mesmo quando não havia a necessidade, era indicada a estabilização do recém-nascido na incubadora. De acordo com a OMS, o contato pele a pele, através do “método canguru” ajuda a melhorar as condições de saúde e as chances de sobrevivência dos recém-nascidos.
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Novas evidências
A assistência com o “método canguru” deve começar logo após o parto, com o bebê sendo colocado em posição vertical, juntamente ao peito da mãe e envolvido em uma faixa de tecido, devendo permanecer ali o máximo de tempo possível. A participação do pai, ou de outro parceiro ou familiar, também é estimulada.
“Essa é uma mudança de visão muito importante, pois torna o processo mais humanizado”, observou a pediatra neonatologista Romy Zacharias, do Hospital Israelita Albert Einstein.
O cuidado com bebês prematuros e de baixo peso ao nascer (BPN) é uma prioridade mundial. Os Departamentos de Saúde Materna, Neonatal, Infantil e Saúde e Envelhecimento do Adolescente (MCA) e Saúde e Pesquisa Sexual e Reprodutiva (SRH) desenvolveram três diretrizes para o cuidado de bebês prematuros ou BPN:
– Diretrizes sobre alimentação ideal de bebês com baixo peso ao nascer em países de baixa e média renda, 2011;
– Recomendações da OMS sobre intervenções para melhorar os resultados do parto prematuro, 2015;
– Recomendações para o manejo de condições comuns da infância, 2012.
No entanto, novas evidências surgiram em muitas áreas desde o desenvolvimento das diretrizes atuais. Uma revisão de 203 estudos de países de baixa, média e alta renda sobre o que realmente importa para as famílias sobre o cuidado de seus bebês prematuro ou baixo peso ao nascer relatou que as famílias querem um resultado positivo para seu bebê, para se envolver no parto cuidar e ter um papel ativo na decisão de quais intervenções serão dadas ao bebê.
Além disso, os estudos indicam inúmeros benefícios desse contato íntimo, como ajudar no controle da temperatura corporal do bebê, reduzir a chance de infecções, melhorar o vínculo com os pais, facilitar o início e a continuidade do aleitamento materno, favorecer o desenvolvimento neurocomportamental, reduzir o estresse e a dor, entre outros.
“Observamos que esses são bebês mais tranquilos, não apresentam tanta oscilação da saturação do oxigênio, ganham peso com mais facilidade”, afirmou Romy Zacharias.
Diferentes graus de prematuridade
A classificação de “parto antes da hora” inclui desde bebês extremamente prematuros, com baixíssimo peso, até aqueles que nascem em ótimas condições, com chegada bastante próxima à data prevista.
Bebês prematuros têm idade gestacional abaixo de 37 semanas ao nascer e bebês com baixo peso ao nascer (BPN) nascem com peso inferior a 2,5 kg.
Cerca de 45% de todas as crianças menores de cinco anos que vem a óbito são recém-nascidos, e 60-80% desses recém-nascidos que morrem são prematuros e/ou pequenos para a idade gestacional. Bebês prematuros e de baixo peso têm risco de mortalidade duas a dez vezes maiores do que bebês nascidos a termo e com peso normal ao nascer.
Apesar do substancial progresso nos últimos dez anos, a sobrevivência, saúde, crescimento e neurodesenvolvimento de prematuros e bebês com baixo peso ao nascer permanece preocupante em muitos países. Os motivos incluem as complexidades de cuidar desses bebês vulneráveis e prevenir complicações.
Contudo, até mesmo aqueles que nascem em condições mais críticas podem se beneficiar do contato pele a pele após serem estabilizados. E mesmo bebês intubados podem ser colocados na posição de canguru.
Para os cuidadores, o contato direto com o recém-nascido também traz benefícios: “Os pais têm a sensação de poder contribuir com o cuidado. O método ajuda no suporte psicológico para as famílias”, enfatizou a pediatra neonatologista.
Conforme dados divulgados pela OMS, nascem 15 milhões de prematuros no mundo anualmente, número que representa mais de 10% do total de nascimentos. Em locais com boa assistência, grande parte dos recém-nascidos tem alta chance de sobrevivência. No entanto, em países pobres essa taxa pode ser de apenas 10%.
*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED.
4 abr. 2024 
6 min. 
