OPAS alerta sobre produtos vinculados ao tabagismo e fake news que ameaçam ações

O INCA calculou que o tabagismo causou, em 2015, uma perda de R$ 44 bilhões aos cofres públicos brasileiros.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) publicou artigo alertando para o perigo que produtos vinculados ao tabagismo e a circulação de informações falsas podem causar, principalmente entre os jovens. Segundo a OPAS, essas questões ameaçam as vitorias recentes contra o consumo. Nos últimos 20 anos, o percentual da população que consome tabaco caiu de 28% para 16,3%. 

Dados do Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, indicam que o país possui um percentual ainda mais baixo, de 12,8% entre adultos. Ainda assim, de acordo com o Ministério da Saúde, o tabaco está ligado a mais de 160 mil mortes por ano. No mundo, pela OMS, são no mínimo 8 milhões de mortes anualmente. 

Além do impacto em saúde o consumo de tabaco gera um impacto econômico, estudo do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) calculou que o tabagismo causou, em 2015, uma perda de R$ 44 bilhões aos cofres públicos, o cálculo levou em consideração os gastos com saúde gerados por morte ou incapacitação e os impostos arrecadados com a venda. 

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OPAS alerta sobre produtos vinculados ao tabagismo e fake news que ameaçam ações

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Atrativos modernos 

Um dos novos produtos elencados pela OPAS como perigosos na luta contra o tabagismo são os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF). Também conhecidos como cigarros eletrônicos, vaporizadores, ou vape, entre outros nomes esses aparelhos surgiram prometendo ajudar o usuário a se livrar do vício em cigarro. Um estudo de 2022 apontou que mais de 90% dos usuários desses produtos o utilizavam para diminuir o consumo de cigarro. 

Entretanto, seu efeito prático não poderia ser mais longe disso. Segundo várias associações médicas, estudos, órgãos públicos e agências governamentais os cigarros eletrônicos pode, na verdade, estimular a dependência química, principalmente em jovens. De acordo com o CDC, menores de idade que utilizem DEFs têm maiores chances de fumarem no futuro. 

Os DEFs têm venda proibida no Brasil desde 2009, mas encontram um campo fértil de propagação na internet, dentro de redes sociais, com uso divulgado por influencers e por blogs “especializados”. Os milhares de aditivos de sabor, pressão social e o uso propagandeado dos DEFs como algo mais “atual” e menos nocivo que o cigarro, atraem a população mais jovem. 

Em 2022, foi divulgada uma pesquisa da UFPel (Universidade Federal de Pelotas) que revelou um índice de quase 20% de usuários de cigarros eletrônicos entre jovens de 18 a 24 anos. No início deste ano, o artigo foi publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia, além dos DEFs também o estudo analisou o uso de cigarros industrializados e de narguilé. Esse último é mais uma forma “moderna” de tabagismo. De acordo com os dados coletados no estudo, 17% da população jovem utiliza esse meio. 

Segundo os pesquisadores envolvidos: “Os achados do estudo Covitel reforçam nossa preocupação com um possível aumento da experimentação e uso diário de cigarros eletrônicos e narguilés como um novo caminho em direção à dependência de nicotina. A literatura documenta que essas novas formas de vaping/tabagismo têm sido usadas principalmente por adolescentes, já que a indústria criou dispositivos especificamente para essa faixa etária (os cigarros eletrônicos têm aparência muito moderna, e o narguilé também tem um design atraente e pode ser compartilhado com os amigos).” 

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Perigos do tabagismo

Os DEF contêm nicotina em doses muito maiores que as encontradas em cigarros comuns. Estudo recente do Incor (Instituto do Coração – HCFMUSP) indicou que o consumo de DEFs equivale a fumar 20 cigarros por dia.  

Além da nicotina, que por si só aumenta o risco de trombose, AVC, hipertensão e infarto do miocárdio. Os DEFs possuem diversos outros elementos químicos perigosos. Seu uso gerou uma condição clínica específica associada, a Injúria Pulmonar Relacionada ao Uso de Cigarro Eletrônico (EVALI, na sigla em inglês). 

Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED. 

 

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