Qual a relação do momento da cessação do tabagismo materno com as medidas do RN?

Um estudo avaliou mães e recém-nascidos de acordo com a relação com tabagismo materno ou período que parou de fumar.

O hábito de fumar durante a gestação traz consequências para a mãe, mas também para o feto em desenvolvimento. A literatura é bastante ampla nas relações do tabagismo e desfechos ruins como abortos, restrição de crescimento e partos prematuros. Um estudo de 2016 feito na Pensilvânia, Estados Unidos, mostrou que os filhos de mães tabagistas nasceram com 166g a menos em relação às não tabagistas ou que pararam durante a gravidez. No Japão recém-nascidos de mães que fumaram durante a gravidez tiveram de 125g a 136g a menos de peso ao nascimento em relação as mães que não fumaram. Além do peso menor ao nascer, algumas crianças apresentam diminuição nos circunferência craneana.  

Essas crianças ao serem acompanhadas apresentaram mais déficits de atenção e hiperatividade, até mesmo se a circunferência estava bem próxima da normalidade. Assim, o tabagismo deixa seus efeitos além da gravidez e nascimento para interferir na vida adulta dessas crianças.  

Os vários estudos associam a cessação de fumar com benefícios, poucos estudos avaliam a diminuição e a parada em qual época da gravidez e seus possíveis benefícios. 

tabagismo na gravidez

Métodos 

Um estudo japonês recente publicado na Obstetrics & Gynecology de janeiro de 2023 avaliou 73.025 pares de mães – recém nascidos distribuídos em seis grupos de acordo com sua relação com tabagismo ou período que parou de fumar: 

  • Q1: 44198 pares que não fumavam; 
  • Q2: 16461 pares que pararam de fumar antes de engravidar; 
  • Q3: 8948 pares que pararam de fumar no 1º trimestre; 
  • Q4: 498 pares que pararam de fumar no 2º trimestre; 
  • Q5: 651 pares que pararam de fumar no 3º trimestre e 
  • Q6: 2269 pares que fumaram durante a gravidez.  

As pacientes responderam questionários durante o 1º (12 a 16 semanas), 2º (22 a 28 semanas) trimestres e um mês após o parto para serem classificadas de acordo com a tabela acima. Amostras de urina foram usadas para dosagem de nicotina durante o 2º e 3º trimestres para análise também.  

Os desfechos primários analisados foram peso e estatura ao nascimento e circunferência craneana. 

Resultados 

Os resultados foram bastante interessantes, mesmo com ajuste de peso e estatura para sexos feminino e masculino, mostrando que fumar durante a gravidez diminui o peso fetal ao nascimento, mesmo que ela pare de fumar no primeiro trimestre. Ainda trouxeram como resultado que é melhor que a gestante pare de fumar o mais breve possível, sendo melhor no primeiro trimestre em relação aos trimestres posteriores (fetos masculinos das mães que param de fumar no primeiro trimestre perdem 26g em relação a 33g das mães que param no terceiro trimestre – apesar de pouca, a diferença de peso foi significativa estatisticamente.

Leia também: Estudo avalia consequências do tabagismo pré-natal e exposição infantil ao fumo

Conclusão e mensagem prática

Em resumo, se a mulher vai engravidar não deve estar fumando ou deve parar mais rápido possível quando descobre a gravidez. Como o estudo é longitudinal novos resultados sobre o desenvolvimento desses recém nascidos deverão ser publicados posteriormente.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Tatsuta, Nozomi PhD; Asato, Kaname PhD; Anai, Akane PhD; Suzuki, Tomohisa MD; Sakurai, Kasumi MSN; Ota, Chiharu MD; Arima, Takahiro MD; Sugawara, Junichi MD; Yaegashi, Nobuo MD; Nakai, Kunihiko DVM; for the Japan Environment and Children's Study Group*. Timing of Maternal Smoking Cessation and Newborn Weight, Height, and Head Circumference. Obstetrics & Gynecology 141(1):p 119-125, January 2023. | DOI: 10.1097/AOG.0000000000004991