Pacientes pediátricos oncológicos e a Covid-19

Desde o início da pandemia de Covid-19, existe uma preocupação real e necessária a respeito da gravidade de pacientes oncológicos infectados.

Desde o início da pandemia de Covid-19, existe uma preocupação real e necessária a respeito da gravidade de pacientes oncológicos infectados pelo SARS-CoV-2. Estudos realizados em adultos indicam que pacientes oncológicos formam um importante grupo de risco para a doença, com maior morbimortalidade associada.

A população pediátrica vem se apresentando com melhores resultados relacionados à pandemia de Covid-19 quando comparados aos adultos. Sendo assim, cabe a pergunta: será que os pacientes pediátricos oncológicos apresentam resultados desfavoráveis quanto os pacientes adultos?

Levantamentos epidemiológicos são necessários nesse momento para identificação dos fatores de risco e comportamento populacional frente à pandemia. Nessa vertente, pesquisadores britânicos publicaram em dezembro de 2020 na revista British Journal of Cancer um estudo preliminar contendo informações epidemiológicas de pacientes pediátricos oncológicos com infecção pelo SARS-CoV-2 de abril a julho de 2020. O trabalho faz parte de um projeto denominado UK Paediatric Coronavirus Cancer Monitoring Project, que tem o intuito de estudar os impactos da Covid-19 para esses pacientes.

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Pacientes pediátricos oncológicos e a Covid-19

Método do estudo

O estudo incluiu 54 pacientes com idade abaixo de 16 anos (média de 5 anos) que apresentaram Covid-19 diagnosticada por RT-PCR. Os pacientes foram avaliados tanto de forma retrospectiva quanto prospectiva, sendo resguardada a privacidade deles.

Os dados levantados demonstraram que a maioria dos pacientes acometidos eram portadores de doenças hematológicas, sendo 44% da amostra de pacientes com leucemia linfoblástica aguda. Apenas 5 pacientes apresentaram quadro mais grave — um paciente com quadro moderado, um paciente com quadro grave e três pacientes com quadro crítico; esses últimos, necessitando de cuidados em terapia intensiva. Todos os pacientes se recuperaram do quadro de Covid-19, embora um paciente tenha morrido devido a complicações da doença de base (paciente em cuidados paliativos).

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A maioria dos pacientes (85%) não necessitaram de internação hospitalar, ou foram admitidos para investigação do quadro com alta hospitalar seguida do diagnóstico de Covid-19.  Dos que necessitaram de internação, a maior parte foi internada por motivos não relacionados propriamente à infecção pelo coronavírus, como por exemplo, para investigação de neutropenia febril devido a quadro de febre sem foco. Nenhum dos pacientes realizou transplante de medula óssea dentro de 28 dias antes do início dos sintomas de Covid-19, e não houve aumento de gravidade em pacientes com esquemas de quimioterapia mais intensivos.

Conclusão

Os dados levantados são consistentes com outros estudos já elaborados em outros países, embora esse seja o primeiro em caráter populacional, e trazem uma expectativa muito boa para esse grupo de pacientes. Os resultados sugerem que os pacientes pediátricos oncológicos com Covid-19 não apresentam risco aumentado de doença grave quando comparado ao resto da população pediátrica.

Os cuidados profiláticos com esse grupo, porém, devem ser mantidos e intensificados, uma vez que esse estudo não conseguiu aferir se pacientes pediátricos oncológicos apresentam risco aumentado de contaminação pelo coronavírus.

Além disso, podemos enfatizar que os cuidados de tratamento oncológico para pacientes pediátricos devem ser mantidos mesmo durante a pandemia de Covid-19, uma vez que os benefícios dessa medida superam em muito o risco de doença grave por Covid-19.

Referências bibliográficas:

  • Millen GC, et al. Severity of COVID-19 in children with cancer: Report from the United Kingdom Paediatric Coronavirus Cancer Monitoring Project. British Journal of Cancer. 2020;1-6. doi: 10.1038/s41416-020-01181-0

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