Padronização de citometria de fluxo para mensuração de Doença Residual Mensurável em LLA

Estudo brasileiro publicado em periódico científico busca uma padronização dos métodos de avaliação de DRM na leucemia.

É consenso na literatura que a avaliação de Doença Residual Mensurável (DRM) em Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA ou ALL na sigla em inglês) é um forte preditor de prognóstico e a sua identificação é incorporada na maioria dos protocolos de tratamento dessa enfermidade. A heterogeneidade na liberação dos resultados quando diferentes laboratórios brasileiros são comparados ainda é grande. Isso provoca falta de padronização da técnica e interfere sobremaneira na definição do tratamento adequado.

Um estudo nacional apresentado no British Journal of Haematology como carta ao editor no dia 4 de julho de 2022 aborda esse tema. O estudo é uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea, a SBTMO, e a indústria farmacêutica AMGEN.

A iniciativa pioneira na América Latina iniciou em 2019 e englobou 21 laboratórios de citometria de fluxo no Brasil. Os centros de referência escolhidos como laboratórios matrizes foram o Laboratório de Citometria de Fluxo do Hospital Amaral Carvalho situado em Jaú, interior de São Paulo, e o Laboratório do Instituo de Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  

médico infusionando medicamento para leucemia mieloide cronica

Métodos 

O estudo consistiu em três etapas: uma educacional e duas práticas. Essas culminaram na manutenção da certificação de 16 laboratórios e na certificação de três novos. O protocolo adotado para padronização foi o baseado em precursores de células B (sigla inglês – BCP) ALL MRD Next-Generation Flow, estabelecido como padrão-ouro pelo grupo de citometria EuroFlow, devido à sua alta sensibilidade e reprodutibilidade. 

Os laboratórios afiliados foram avaliados pelos seguintes parâmetros:

  • Resultado da DRM (positivo ou negativo)
  • Nível de detecção das células B residuais
  • Mediana de intensidade de fluorescência de cada marcador dos painéis NGFlow para BCP-ALL MRD expressos por subpopulações de células B residuais
  • Medianas de dispersão de luz direta (FSC) e lateral (SSC) de linfócitos obtidas de arquivos FCS e gravadas pelo software Infinicyt (Cytognos™).

O uso de matrizes referenciais possibilitou a comparação entre os dados e avaliação da reprodutibilidade do método intra e inter laboratório. A concordância entre os resultados da DRM foi definida como valores dentro de 1 log, quando comparados aos laboratórios centrais. 

Resultados 

Os pesquisadores observaram uma alta correlação entre os resultados dos dois laboratórios matrizes em todos os parâmetros avaliados. Assim, a reprodutibilidade do método é possível se as mesmas estratégias forem utilizadas. O parâmetro “resultado da DRM” apontou uma concordância de mais de 85% entre todos os laboratórios avaliados no estudo. Já a variável “nível de detecção das células B residuais” teve concordância passou dos 92%.

Ao menos quatro, dos 106 eventos, foram adquiridos em 91% das amostras. A média de eventos adquiridos foi de 8,6 (com variação entre 0,2 e 20). Nas primeiras fases do estudo houve uma maior discordância de resultados, o que foi melhorando com análises subsequentes. Resultados até 0,01 foram mais discordantes.

Mensagem prática 

A padronização dos métodos de avaliação de DRM possibilitará uma melhor avaliação da resposta inicial ao tratamento, assim como maior segurança na indicação do transplante de medula óssea e marcador precoce de possível recaída. O uso do protocolo do grupo EuroFlow com ponto de corte de log menor que 0.01% (104) deve ser utilizado para a prática clínica após treinamento e padronização nos laboratórios de referência.  

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Ikoma-Colturato, MRV, et al. Multicentric standardization of minimal/measurable residual disease in B-cell precursor acute lymphoblastic leukaemia using next-generation flow cytometry in a low/middle-level income country. Br J Haematol 2022. https://doi.org/10.1111/bjh.18499