A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória autoimune que se caracteriza principalmente pelo acometimento articular. As alterações pulmonares secundárias a AR podem acometer diversos compartimentos torácicos, como a pleura, o parênquima pulmonar e as vias aéreas. A doença intersticial pulmonar (DPI) é a principal responsável pela morbidade e mortalidade na AR, podendo acometer 60% dos pacientes. A utilização de anti-fibróticos nessas doenças tem ganhado destaque desde a caracterização do fenótipo de fibrose pulmonar progressiva.
O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia e segurança da pirfenidona em pacientes com AR e DPI.
Metodologia
Foi um estudo randomizado, duplo cedo, controlado por placebo, com a participação de 34 centros no Canadá, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália. Foram incluídos 123 pacientes com AR e DPI, excluindo-se outras doenças pulmonares. Os pacientes foram randomizados para receber pirfenidona ou placebo. O desfecho primário foi a redução na capacidade vital forçada após 52 semanas. O estudo foi interrompido precocemente devido a pandemia de covid-19, não alcançando-se o número de casos adequados para o poder desejado.
Resultados
Não houve diferença significativa entre os grupos de tratamento quanto ao declínio da CVF (OR 0,67 [95% CI 0,22 a 2,03]; p=0·48), porém a pirfenidona se mostrou mais eficaz na redução de CVF em subgrupos que possuíam o padrão de pneumonia intersticial usual. Além disso, não houve efeitos colaterais graves que levassem a descontinuação da droga, sendo que a maioria dos pacientes também utilizava imunossupressores concomitantes. As principais reações adversas foram relacionadas ao trato gastrointestinal como náuseas e diarreia.
Esse foi o primeiro trabalho a avaliar o uso de antifibróticos especificamente na AR, trabalhos anteriores incluíam diversas doenças, tendo a AR como subgrupo. As semelhanças entre a AR e a fibrose pulmonar idiopática são várias, como o padrão de imagem na tomografia, os fatores de risco para progressão e a relação com tabagismo e pior prognóstico. A associação torna o uso de antifibróticos ainda mais atrativo. Entretanto, é preciso ter cautela na prescrição dessas medicações, em função de elevados custos e efeitos colaterais. Pacientes candidatos ao uso de antifibróticos são aqueles que, apesar do tratamento otimizado da doença de base, apresentam progressão da fibrose avaliada pela tomografia de tórax ou pela função pulmonar, associado a piora clínica. Portanto, seu uso não deve ser indiscriminado. No Brasil, as medicações antifibróticas não estão disponíveis no SUS.
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Mensagens práticas
- A artrite reumatoide é uma doença autoimune que pode levar a vários tipos de acometimento pulmonar, entre eles a doença pulmonar intersticial;
- A pirfenidona é uma medicação antifibrótica e anti inflamatória e, neste estudo, reduziu a progressão da doença pulmonar sobretudo em pacientes que apresentam um padrão de pneumonia intersticial usual na tomografia de tórax;
- Pacientes com fibrose pulmonar progressiva, que possuem tratamento otimizado da doença de base, podem ser candidatos a utilização de antifibróticos como forma de tratamento.
Este artigo foi produzido em parceria com a Elsevier, utilizando os conteúdos baseados em evidências disponíveis na plataforma ClinicalKey. Clique aqui para saber mais.
1 abr. 2024 
4 min. 
