Qual o melhor regime de profilaxia com vitamina K em bebês prematuros?

Estudo avaliou os níveis de proteína induzida pela ausência de vitamina K – II em prematuros e/ou com peso muito baixo ao nascer.

Com o objetivo de estudar a eficácia de três regimes diferentes de profilaxia de doença hemorrágica do recém-nascido (RN) com o uso de vitamina K em prematuros, pesquisadores da Índia realizaram um ensaio clínico randomizado cujos resultados foram recentemente publicados no periódico The Journal of Pediatrics.

Qual o melhor regime de profilaxia com vitamina K em bebês prematuros

Metodologia

Os pesquisadores conduziram um ensaio clínico randomizado, de grupo paralelo, aberto, em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de um hospital terciário no sul da Índia, no período de março a junho de 2022.

O estudo envolveu RN muito prematuros (idade gestacional [IG] ≤ 32 semanas) e/ou com peso muito baixo ao nascer (≤ 1.500 g). Em cada braço do estudo, 25 bebês foram incluídos. Os RN foram randomizados para receber 1,0 mg, 0,5 mg ou 0,3 mg de vitamina K (intramuscular – IM) ao nascer. A preparação de vitamina K utilizada foi Kenadione (Samarth Life Sciences Pvt Ltd, Mumbai, Índia) contendo Phytomenadione (1,0 mg/0,5 mL).

Foram excluídos os RN que já tinham recebido vitamina K e aqueles com malformações congênitas graves e hemorragia intracraniana diagnosticadas no pré-natal, assim como os RN cujas mães tiveram trombofilia ou distúrbios plaquetários e que receberam tratamento medicamentoso com antagonistas da vitamina K.

Os níveis de proteína induzida pela ausência de vitamina K – II (protein induced in vitamin K absence II – PIVKA-II) foram avaliados nos dias 5 e 28, juntamente com a frequência de óbito, manifestações hemorrágicas, hemorragia intraventricular, enterocolite necrosante, níveis de bilirrubina e duração da fototerapia. O desfecho primário foi a comparação dos níveis de PIVKA-II no dia 5 de vida.

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Resultados

Noventa e uma crianças foram elegíveis, no entanto, 16 foram excluídas por vários motivos, como não consentimento (n=11), anomalias congênitas maiores (n=1) e mãe recebendo antagonista da vitamina K (n=2). Um bebê apresentou hematomas extensos inexplicados e palidez sem exames pré-natais e também foi excluído. Dessa forma, 75 bebês foram randomizados. A distribuição final dos participantes foi de:

  • Grupo A (1 mg) – 24;
  • Grupo B (0,5 mg) – 26;
  • Grupo C (0,3 mg) – 25.

Dados demográficos e clínicos e a vitamina K recebida de outras fontes, como alimentação enteral, nutrição parenteral e bolus adicionais, foram semelhantes entre os grupos.

Os pesquisadores observaram que os três regimes de administração da vitamina K resultaram em proporções semelhantes de suficiência subclínica de vitamina K (PIVKA-II < 0,028 unidades arbitrárias [UA]/mL) em lactentes no dia 5 (1 mg – 100%; 0,5 mg – 91,7%; 0,3 mg – 91,7%, p 0,347), sem diferença significativa na mediana dos níveis de PIVKAII (A 0,006; B 0,008; C 0,006, p 0,301). No dia 28, no entanto, houve uma queda significativa na proporção de lactentes com vitamina K suficiente no grupo de 0,3 mg IM (72,7%) em comparação com os grupos de 1,0 mg (100%) ou 0,5 mg (91,3). O grupo de 1,0 mg apresentou níveis de bilirrubina significativamente maiores e maior duração da fototerapia. Nenhum dos outros desfechos clínicos foi estatisticamente diferente. Os níveis de pico de bilirrubina e a duração da fototerapia foram significativamente maiores no grupo A (1 mg) em comparação com os outros grupos, mas nenhum dos indivíduos do estudo manifestou sinais e sintomas de disfunção neurológica induzida por bilirrubina. Não houve diferença em outros desfechos clínicos entre os grupos de estudo no momento da alta. Todos os bebês estavam em acompanhamento de alto risco posteriormente e nenhum deles desenvolveu quaisquer manifestações hemorrágicas no acompanhamento.

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Conclusões

O estudo mostrou que a profilaxia ao nascimento com 1 mg e 0,5 mg IM de vitamina K resultou em alta suficiência no acompanhamento, em prematuros ≤ 32 semanas, em comparação com a dose mais baixa de 0,3 mg IM. O esquema de 1mg resultou em maior carga de bilirrubina e necessidade de fototerapia, cuja implicação em longo prazo é incerta. Nenhuma outra diferença nos desfechos clínicos foi observada entre os grupos de intervenção. Dessa forma, os pesquisadores destacam acrescentar a credibilidade à recomendação atual de 0,5 a 1,0 mg IM de vitamina K na profilaxia de doença hemorrágica do RN em prematuros.

Leia mais: Recém-nascidos devem receber vitamina K em até seis horas depois do nascimento.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Hunnali CR, Devi U, Kitchanan S, S G. Three different regimens for vitamin K birth prophylaxis in preterm infants: A randomized clinical trial [published online ahead of print, 2022 Nov 4]. J Pediatr. 2022;S0022-3476(22)00992-1. DOI: 10.1016/j.jpeds.2022.10.031

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