Prevalência de burnout é maior em médicos que atuam na linha de frente da Covid-19

Segundo um estudo realizado pela PEBMED, a prevalência do burnout é de 83% nos médicos que estão na linha de frente

A pandemia de Covid-19, além de diversas outras consequências, tem contribuído para um aumento da síndrome de burnout em profissionais de saúde. Segundo um estudo realizado pela PEBMED, a prevalência do burnout é de 83% nos médicos que estão na linha de frente, e 71% naqueles que não estão atuando no combate ao novo coronavírus.

Estudos prévios já haviam identificado profissionais da área da saúde como as categorias que apresentam um risco aumentado de ter burnout, no entanto, atuar na linha de frente da pandemia parece agravar significativamente essa propensão.

médico com burnout, sentado, após diagnóstico de covid-19 de paciente

Burnout em profissionais de saúde

Segundo a pesquisa, trabalhar no combate à Covid-19 foi o fator que mais contribuiu para o esgotamento do profissional, mas outros fatores também foram relevantes, como:

  • Maior demanda do que recursos disponíveis;
  • Relacionamento ruim com a liderança imediata;
  • Piores condições de trabalho (principalmente em hospitais públicos);
  • Menor resiliência do profissional;
  • Menor segurança psicológica no ambiente de trabalho;
  • Sexo feminino;
  • Alta carga horária;
  • Profissionais mais jovens;
  • Maior medo de contaminação de familiares.

Ao todo, a prevalência da síndrome foi de 78% entre os respondentes, sendo 79% entre médicos, 74% entre enfermeiros e 64% entre técnicos de enfermagem.

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Condições de trabalho

Os profissionais que atuam em hospitais particulares tiveram uma percepção melhor sobre disponibilidade de recursos, e consequentemente condições mais adequadas de trabalho, que aqueles que trabalham em hospitais públicos.

Sobre as condições para atuar na linha de frente da Covid-19, os hospitais públicos também tiveram um resultado inferior aos hospitais privados e beneficentes.

Sobre alguns recursos específicos, os enfermeiros percebem uma maior falta de profissionais que os médicos, e os médicos sentem maior falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) que os profissionais de enfermagem.

Ouça também: Como evitar ter o burnout atuando na linha de frente da pandemia de Covid-19? [podcast]

Objetivo e metodologia do estudo

Com o objetivo principal de medir a prevalência do burnout em profissionais de saúde, a PEBMED realizou um estudo transversal, com autoavaliação dos mesmos por meio de um questionário online. Dos 3.613 participantes, 2.932 eram médicos, 457 enfermeiros e 224 técnicos de enfermagem.

Para avaliar o esgotamento profissional, foi utilizada a escala Oldenburg Burnout Inventory (OLBI), que define o burnout como a interseção entre exaustão e desengajamento.

Além disso, buscando entender os fatores que contribuem e aliviam a síndrome, avaliar a percepção dos profissionais sobre a disponibilidade de recursos no combate à pandemia e comparar tendências entre as categorias profissionais e o perfil do local de trabalho, foram medidos:

  • A demanda física e mental imposta pelo trabalho por meio da escala de demanda de recursos no trabalho (Job content questionnaire – JCQ);
  • Relacionamento com o líder imediato, pela escala de relacionamento com liderança (LMX-MDM);
  • Resiliência frente aos desafios do trabalho;
  • Segurança psicológica do trabalhador;
  • Disponibilidade de recursos;
  • Perfil do profissional;
  • Características do ambiente de trabalho.

Conclusões

Apesar de algumas limitações, o efeito da pandemia no aumento do burnout se mostrou bastante significativo, já que foram obtidos dados de uma amostra grande de médicos.

Entre as limitações mais importantes, podemos citar o viés de um método único, recebendo as respostas por uma mesma ferramenta. Além disso, este retrato pode ser uma amostra mais próxima da realidade da região sudeste do Brasil, onde há maior concentração de médicos, mas principalmente dos estados Rio de Janeiro e São Paulo, onde a pandemia estava mais avançada no período da pesquisa.

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A pesquisa da PEBMED foi pauta do Fantástico deste domingo. Confira!

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