Prurido vulvar: o que as queixas de coceira genital podem indicar ao médico?

O prurido vulvar é frequentemente associado a condições dermatológicas, como dermatoses infecciosas, inflamatórias e neoplásicas.

Prurido vulvar: o que as queixas de coceira genital podem indicar ao médico?

Prurido vulvar: o que as queixas de coceira genital podem indicar ao médico?

Introdução 

O prurido (coceira) genital pode envolver a vagina ou a região genital (vulva), que contém os órgãos genitais externos. O prurido vulvar é uma sensação desagradável que aparentemente exige o ato de coçar para aliviá-la. Ocasionalmente, muitas mulheres apresentam breves episódios de prurido genital que desaparece sem tratamento. A coceira (prurido) é considerada um problema apenas quando é persistente, intensa, recorrente ou acompanhada de secreção vaginal. 

É uma queixa bastante comum, que pode surgir em mulheres de qualquer idade, sejam elas sexualmente ativas ou não. Em ambulatórios especializados em patologia vulvar, 50% das consultas ocorrem por prurido. 

Saiba mais: O que é adenomiose uterina?

Etiologia 

Embora o prurido vulvar seja um sintoma clássico de infecções vaginais, principalmente de candidíase vaginal, existem várias outras situações que podem cursar com coceira na região genital feminina, incluindo alergias e reações a produtos químicos irritantes.  

O clima tropical vivido pela população, associado às condições locais de umidade, falta de arejamento vulvar (vestimentas), uso de material sintético em roupas justas e tratamentos empíricos inadequados fazem da vulva uma sede frequente de patologias de difícil diagnóstico. A anamnese associada a exame clínico minucioso nem sempre identifica o fator causal. Nestes casos, muito frequentes, a biópsia auxilia no esclarecimento diagnóstico. 

Possíveis causas de prurido genital: 

  • Infecções vulvares (candidíase, herpes, atrofia senil, vaginose) 
  • Líquen escleroatrófico/líquen simples 
  • Dermatite/eczema vulvar (dermatites de contato [exógena] e atópica [endógena]) 
  • Verminoses (oxiúros) 
  • Neoplasia vulvar intraepitelial 
  • Câncer vulvar 
  • Fatores psicogênicos/iatrogênicos/desconhecidos 

Condutas gerais e farmacológicas no prurido/dor vulvar 

Obviamente, quando há etiologia definida do prurido ou dor, estes devem ser eliminados. Dependendo da situação clínica individual, pode-se realizar tratamento supressivo da infecção fúngica recorrente (candidíase), tratamento do líquen escleroatrófico (corticoterapia), uso de preservativo masculino para evitar o contato com substâncias alergênicas do sêmen e eliminação de alérgenos (fibras sintéticas de roupas, uso de desodorantes íntimos, espermicidas, entre outros). 

Entretanto, em todos os casos, recomenda-se adotar medidas educativas como: ensinar a técnica da higiene vulvar, evitar roupas íntimas sintéticas, jeans e outras vestimentas justas, uso de biquínis por longos períodos (umidade), qualquer atividade que gere atrito vulvar (andar de bicicleta, cavalgadas) e protetor íntimo diário e sugerir o uso de roupas íntimas de algodão, ou não usar roupa íntima quando for possível, uso de sabonete neutro e de roupas largas. 

Após afastar patologias vulvares como líquen escleroatrófico, líquen plano, infecções vulvovaginais, câncer e orientar as pacientes acerca do distúrbio, iniciar terapia medicamentosa. Preferencialmente, deve-se iniciar o tratamento com monoterapia.  

Qualquer que seja a opção, aguardar pelo menos três semanas para avaliar a resposta terapêutica. Podem ser associadas terapias para aumentar a eficácia, mas deve-se atentar para o risco dos efeitos adversos destes medicamentos.  

Anestésicos tópicos podem ser usados até seis vezes ao dia, minimizando o sintoma de dor ou prurido. Preferir cremes compostos de bases naturais e neutras, pois cremes e géis comerciais podem irritar o epitélio vulvar, piorando o sintoma. Anestésicos tópicos com lidocaína/prilocaína podem ser aplicados na vulva antes das relações sexuais, caso haja essa queixa. Antidepressivos tricíclicos também podem ser usados isolados ou associados a outros tratamentos, preferencialmente os tópicos.  

Outras opções terapêuticas são: gabapentina, corticoterapia média e alta potência, estrogenioterapia tópica ou oral, drogas anti-histamínicas e toxina botulínica. 

Leia também: Estrogênio intravaginal é bom para mulheres com prolapso genital pós-menopausa?

Conclusões 

A conduta frente ao quadro de prurido vulvar sem agente etiológico definido deve ser individualizada. O tratamento é empírico e baseado em orientações médicas, avaliação do vestuário e hábitos de vida, uso de medicações e, excepcionalmente, procedimentos invasivos. 

Mulheres com prurido vulvar localizado podem beneficiar-se de lidocaína manipulada em gel como terapia inicial.  

Antidepressivos tricíclicos devem ser empregados quando há prurido difuso sem etiologia aparente. A nortriptilina deve ser a primeira opção, seguida de gabapentina.  

Recomenda-se a biópsia vulvar em casos de prurido crônico. 

 

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Raef HS, Elmariah SB. Vulvar Pruritus: A Review of Clinical Associations, Pathophysiology and Therapeutic Management. Front Med (Lausanne). 2021 Apr 7;8:649402. doi: 10.3389/fmed.2021.649402. PMID: 33898486; PMCID: PMC8058221. DOI: 10.3389/fmed.2021.649402
  • Febrasgo, . Febrasgo - Tratado de Ginecologia. Grupo GEN, 2018.