Quais os principais interferentes em imunoensaios?

Apesar dos grandes avanços técnico e metodológicos, os imunoensaios ainda podem apresentar suscetibilidade a diversos interferentes.

A maioria dos imunoensaios modernos apresentam uma alta robustez, confiabilidade, custo-efetividade, rapidez e versatilidade, permitindo determinar, com muita precisão, uma grande gama de analitos em diversas matrizes biológicas. Esses testes utilizam como base a reação antígeno-anticorpo, na qual podem ser realizadas sob diferentes formas, como em ensaios competitivos e do tipo “sanduíche”, homogêneos ou heterogêneos, com anticorpos mono ou policlonais, utilizando sinais fluorimétricos, colorimétricos ou quimioluminescentes.

Entretanto, apesar dos grandes avanços técnico e metodológicos introduzidos, os quais proporcionaram um alto desempenho analítico a esses testes, os imunoensaios ainda podem apresentar suscetibilidade a diversos interferentes, que se comportam de maneiras distintas a depender do formato do ensaio (falsas elevações ou reduções dos níveis).

Leia também: Ensaio clínico: o desfecho foi positivo, posso acreditar?

Quais os principais interferentes em imunoensaios?

Principais interferentes

Os anticorpos endógenos são um importante fator interferente nesses testes, podendo ser subdivididos basicamente em 4 tipos:

  • Anticorpos heterófilos: são anticorpos inespecíficos, que podem interagir fracamente com os anticorpos utilizados nos imunoensaios (frequentemente na região Fc);
  • Anticorpos terapêuticos: como o próprio nome sugere, são anticorpos (ou seus fragmentos) administrados terapeuticamente (ex.: Digibind). Esses anticorpos irão interferir nos ensaios até que sejam totalmente excretados pelos rins;
  • Autoanticorpos: são achados, frequentemente, em pacientes com doenças autoimunes;
  • Anticorpos humanos antianimal: esses tipos de anticorpos são específicos, e apresentam uma alta afinidade aos anticorpos do ensaio. Os indivíduos podem desenvolver esses anticorpos ao fazer uso de anticorpos terapêuticos (animais) ou através de contato próximo com animais. Os anticorpos humanos anticamundongos (HAMA) são os principais representantes dessa classe, sendo muito utilizados nos reagentes.

Outros potenciais interferentes são representados por vitaminas/suplementos (ex.: biotina), medicações, substâncias séricas endógenas (hemoglobina/hemólise, bilirrubinas/icterícia, lipemia/turbidez), proteínas, além de outras substâncias não especificadas.

Como tentar resolver essa questão?

Diversas técnicas e mecanismos podem ser utilizados, por parte do Laboratório Clínico, para buscar a resolução dos principais interferentes. O recurso mais simples e comum é a realização de diluições seriadas da amostra, a fim de verificar a recuperação do analito após ser diluído.

Outra forma comumente utilizada é a repetição, no tubo primário, em um aparelho/fabricante/metodologia/kit diagnóstico diferente daquele onde a amostra foi processada inicialmente, permitindo uma comparação entre os resultados obtidos.

Também já existem no mercado alguns kits que são utilizados para um pré-tratamento das amostras, auxiliando na remoção de eventuais interferentes/compostos.

Mensagem final

Os interferentes analíticos ainda são uma das maiores fontes de preocupação dos profissionais de laboratório, devido, notadamente, às graves repercussões clínico-diagnósticas que um resultado inconsistente/incorreto pode ocasionar. Os laboratórios devem, portanto, conhecer os potenciais interferentes em seus kits diagnósticos em uso, descritos nas bulas dos mesmos.

Sempre que houver algum resultado de imunoensaio incompatível com o esperado em relação aos dados clínicos e de outros exames complementares, deve-se chamar atenção, dentre outras causas, à possibilidade de algum interferente na amostra.

Saiba mais: Avaliando ensaios clínicos randomizados: uma abordagem prática

Dessa forma, uma troca próxima de informações e experiências, entre o corpo clínico e o laboratório, é de extrema importância na identificação e resolução de eventuais interferentes. Essa interação garante uma redução de custos à toda cadeia de saúde, proporcionando uma maior celeridade e precisão do diagnóstico.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo