Da mesma maneira que o número de novos casos de artroplastia total de quadril (ATQ), vêm aumentando também o número de fraturas periprotéticas, sendo projetada uma incidência 1,5 vezes maior nos próximos 30 anos. Esse tipo de complicação é a terceira causa mais comum de artroplastia de revisão do quadril.
A grande maioria (80%) dessas fraturas são classificadas como tipo B de Vancouver (envolvem a diáfise femoral na altura da prótese) e podem ser subdivididas em B1 (prótese fixa), B2 (prótese solta) e B3 (solta com baixo estoque ósseo). É consenso que as fraturas tipo B1 devem ser tratadas com redução aberta e fixação interna (RAFI), porém há discussão sobre se os melhores resultados nas B2 e B3 são com RAFI ou artroplastia de revisão.
Foi publicado no último mês na revista Bone and Joint Open um estudo com o objetivo de investigar características clínicas e de mortalidade de pacientes com fraturas periprotéticas tipo B, dividindo em grupos de acordo com estabilidade do componente femoral e tipo de tratamento oferecido.
Métodos
Foi um estudo multicêntrico e retrospectivo que analisou bancos de dados de 11 hospitais de trauma da região central japonesa entre 2010 e 2019. Foram encontrados 249 pacientes com fraturas periprotéticas e após serem excluídos fraturas tipo A ou C, pacientes com menos de 59 anos, fraturas patológicas e por trauma de alta energia, a amostra finalizou em 126 pacientes.
Resultados
A taxa de mortalidade em um ano do subtipo estável (B1) e instável (B2 e B3) de Vancouver tipo B foi de 9,4% e 16,4%. Fatores demográficos do paciente, incluindo status residencial e mobilidade pré-lesão foram associados à mortalidade. Não houve diferença significativa na mortalidade entre os pacientes tratados com RAFI e revisão em qualquer subtipo Vancouver B.
Pacientes tratados com revisão tiveram valores de Parker Mobility Score (PMS) significativamente mais altos (5,48 vs 3,43; p = 0,00461) e valores significativamente mais baixos da escala visual analógica (EVA) (1,06 vs 1,94; p = 0,0399) para dor do que RAFI no subtipo instável.
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Conclusão e mensagem prática
Entre os pacientes com fraturas Vancouver tipo B, pacientes frágeis, como aqueles com pior pontuações para mobilidade pré-lesão, tiveram uma alta taxa de mortalidade. Não houve diferença significativa na mortalidade entre pacientes tratados com RAFI e aqueles tratados com revisão. No entanto, no subtipo instável, os valores de PMS e EVA no exame de acompanhamento final foram significativamente melhores em pacientes que foram submetidos à revisão.