Qual a diferença biomecânica entre os implantes para fixação de fraturas diafisárias de metacarpos?

Um estudo comparou fixações com placa dorsal, fios de Kirchner e parafusos sem cabeça intramedulares para fraturas diafisárias dos metacarpos.

As fraturas diafisárias dos metacarpos são historicamente fixadas com uso de placa dorsal ou diversas montagens de fios de Kirschner. Recentemente, o uso de parafusos de compressão sem cabeça intramedulares se popularizou por serem de inserção minimamente invasiva, diminuindo dano a partes moles e posterior irritação e adesão tendinosa. Além disso, reduzem os riscos de infecção e migração inerentes aos fios de kirschner.

Estudos prévios demonstraram superioridade biomecânica a forças de angulação da placa dorsal em relação a parafusos intramedulares, porém sem entrar no mérito do diâmetro desses parafusos. Um estudo desenvolvido na Austrália recentemente publicado no European Journal of Hand Surgery teve o objetivo de comparar biomecanicamente as fixações de metacarpos com placa dorsal, fios de Kirchner e parafusos sem cabeça intramedulares.

médico conversando com paciente sobre fraturas dos metacarpos

O estudo

Foram criadas 64 fraturas transversas em ossos sintéticos e divididas igualmente em quatro grupos de fixação.

  • Grupo 1: parafuso de compressão sem cabeça 2,2 mm intramedular;
  • Grupo 2: parafuso de compressão sem cabeça 3,0 mm intramedular;
  • Grupo 3: fio de Kirschner 1,6 mm angulado intramedular;
  • Grupo 4: placa dorsal não bloqueada 2,0 mm.

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Em cada grupo, uma metade dos metacarpos foi testada com estresse de angulação e a outra testada com forças torcionais.

Nos testes de angulação, a placa dorsal exigiu maior carga para falha comparada com as outras sínteses com diferença estatisticamente significativa. Quanto à rigidez (capacidade de resistir à uma deformação inicial), o parafuso 3,0 mm apresentou como resultados valores maiores e estatisticamente significativos em relação aos parafusos 2,0mm e placa dorsal (sem diferenças significativas entre esses). A fixação com fios de Kirschner apresentou os menores valores.

Quantos aos testes de estresse torcional, a placa dorsal também apresentou os maiores valores de torque para falha comparados com as outras fixações. Entretanto, não houve relevância estatística quanto à rigidez entre a placa e os parafusos intramedulares nas forças torcionais.

É uma limitação importante do estudo o fato dos testes terem sido demonstrados em ossos sintéticos, podendo não corresponder fielmente às reações in vivo.

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Cenário atual das fraturas dos metacarpos

É consenso que as fixações de fraturas dos metacarpos com placas permitem uma reabilitação precoce por resistir às forças de deformação nos primeiros dias de pós-operatório. A fixação com parafusos intramedulares surgiu recentemente com objetivo de manter essa possibilidade de mobilização precoce com menor agressão cirúrgica e vem sendo amplamente divulgada.

Entretanto, as maiores críticas em relação à técnica inovadora são com relação às suas possíveis complicações. Uma refratura ou infecção em metacarpos com esse implante intramedular seriam catastróficas pela extrema dificuldade de retirada do material de síntese do osso longo. Espera-se que os próximos anos, com período maior de follow-up tragam respostas e permitam a consagração ou sepultamento da nova técnica.

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Referência bibliográfica:

  • Galbraith JG, Huntington LS, Borbas P, Ackland DC, Tham SK, Ek ET. Biomechanical comparison of intramedullary screw fixation, dorsal plating and K-wire fixation for stable metacarpal shaft fractures. J Hand Surg Eur Vol. 2021 May 21:17531934211017705. doi: 10.1177/17531934211017705. Epub ahead of print. PMID: 34018870.

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