Qual a disponibilidade de flucitosina para meningite criptocócica no Brasil?

A flucitosina foi incorporada ao SUS e já está, desde o final de 2022, disponível para uso. Confira as orientações.

Hoje, no Dia Mundial de Combate à Meningite, revisitamos este artigo, publicado originalmente em dezembro de 2022.

A meningite criptocócica é uma infecção de alta mortalidade e morbidade, sendo considerada uma infecção oportunista em indivíduos que convivem com o vírus do HIV. Estima-se que a mortalidade por criptococose seja de 10% nos países desenvolvidos e de até 43% nos países em desenvolvimento.

Até o momento, as formulações de anfotericina B e fluconazol eram as únicas opções terapêuticas disponíveis, mas esses fármacos, mesmo em terapia combinada, são considerados uma terapia subótima.

enfermeira aplicando flucitosina

Flucitosina para criptococo

A flucitosina é uma medicação com disponibilidade oral, com atividade antimetabólica ao interferir com a síntese de material genético nas células fúngicas. Diversos estudos têm demonstrado sua eficácia, em conjunto com outros antifúngicos, no tratamento de infecções por criptococo.

Ouça também: Meningite Bacteriana: sintomas e tratamento [podcast]

O Ministério da Saúde já havia incorporado a flucitosina ao Sistema Único de Saúde (SUS) como tecnologia após análise pela Conitec, mas somente recentemente o fármaco tornou-se disponível para uso no país. Segundo a Nota Informativa n° 9/2022, os esquemas terapêuticos de primeira linha recomendados são:

Para pacientes com HIV/Aids

Fase do tratamento Esquema terapêutico Tempo de tratamento
Indução  Anfotericina B lipossomal 3 mg/kg/dia, IV 

+ 

Flucitosina 100 mg/kg/dia, VO, 6/6h 

Pelo menos 2 semanas 
Consolidação  Fluconazol 400 – 800 mg/dia, VO ou IV  Pelo menos 8 semanas 
Manutenção  Fluconazol 200 mg/dia, VO  Pelo menos 12 meses 

Para pacientes receptores de transplante de órgãos sólidos ou de medula óssea ou com doenças hematológicas

Fase do tratamento Esquema terapêutico Tempo de tratamento
Indução  Anfotericina B lipossomal 3 mg/kg/dia, IV 

+ 

Flucitosina 100 mg/kg/dia, VO, 6/6h 

Pelo menos 2 semanas 
Consolidação  Fluconazol 400 – 800 mg/dia, VO ou IV  Pelo menos 8 semanas 
Manutenção  Fluconazol 200 mg/dia, VO  Pelo menos 6 a 12 meses 

Para indivíduos imunocompetentes

Fase do tratamento Esquema terapêutico Tempo de tratamento
Indução  Anfotericina B lipossomal 3 mg/kg/dia, IV 

+ 

Flucitosina 100 mg/kg/dia, VO, 6/6h 

Pelo menos 2 semanas 
Consolidação  Fluconazol 400 – 800 mg/dia, VO ou IV  Pelo menos 8 semanas 
Manutenção  Fluconazol 200 – 400 mg/dia, VO  Pelo menos 6 a 12 meses 

Leia também: AIDS 2022: Novidades dos guidelines da OMS – meningite criptocócica

A flucitosina está disponível na formulação de comprimidos de 500 mg e pode ser solicitada ao Ministério da Saúde, juntamente com a anfotericina B lipossomal, por meio da Ficha de Solicitação de Medicamentos Antifúngicos para Pacientes com Micoses Endêmicas. A solicitação deve ser encaminhada junto com os exames pertinentes para o email: [email protected].

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas. NOTA INFORMATIVA Nº 9/2022-CGDR/.DCCI/SVS/MS. Assunto: Orientações e recomendações para o uso da Flucitosina 500mg comprimidos para o tratamento de meningite criptocócica, outras formas de neurocriptococose e sua dispensação no Sistema Único de Saúde.
  • Ministério da Saúde. Ministério da Saúde incorpora medicamento para meningite criptocócica. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/assuntos/noticias/2021/junho/ministerio-da-saude-incorpora-medicamento-para-meningite-criptococica