A técnica cirúrgica para artroplastia total de quadril pode ser realizada com cimentação para fixação dos componentes femorais e acetabular ou press fit. As artroplastias cimentadas são associadas a menor dor, mais mobilidade e redução da necessidade de revisão. Entretanto, o uso de cimento pode levar a formação de êmbolos, levando à piora clínica e até morte.
Leia também: Hastes cefalomedulares longas ou de tamanho padrão nas fraturas do quadril?
Os estudos que avaliam a síndrome de implantação de cimento ósseo divergem quanto às complicações e à porcentagem de mortes causadas por esse evento complicador. Foi publicado na revista Bone and Joint Open no último mês um estudo com o objetivo de determinar a associação entre uso de cimento na artroplastia de quadril e mortalidade nos 30 dias seguintes em pacientes maiores de 50 anos com fraturas do colo femoral na população australiana.
Métodos
Foi desenvolvido um estudo de coorte retrospectivo que utilizou dados vinculados do Registro de Fratura de Quadril australiano e o Índice Nacional de Morte. Análise descritiva e curvas de sobrevivência de Kaplan-Meier testaram a associação não ajustada de mortalidade entre procedimentos cimentados e não cimentados.
Regressão logística multinível, ajustada para covariáveis, testou a associação entre uso de cimento e mortalidade 30 dias após artroplastia total de quadril.
Resultados
A mortalidade em 30 dias foi de 6,9% para cimentados e 4,9% para grupos não cimentados (p = 0,003). O uso de cimento foi significativamente associado à maior mortalidade em 30 dias na curva de sobrevivência de Kaplan-Meier (p = 0,003). Depois de se ajustar às covariáveis, nenhuma associação significativa entre uso de cimento e mortalidade em 30 dias foi demonstrada na regressão logística multinível ajustada (Odd ratio (OR) 1,1, intervalo de confiança de 95% (IC) 0,9 a 1,5; p = 0,366), ou na análise variável instrumental (OR 1,0, IC 95% 0,9 a 1,0, p = 0,524).
Não houve uma diferença significativa entre os grupos na mortalidade dentro de 30 dias (taxa de risco (HR) 0,9, IC 95% 0,7 a 1,1; p = 0,355) ou um ano (HR 0,9 IC 95% 0,8 a 1,1; p = 0,328) na modelagem de Cox.
Saiba mais: Consenso para tratamento e screening de displasia do desenvolvimento do quadril
Conclusão
Não foi evidenciada no estudo diferença estatisticamente significativa na mortalidade do paciente com o uso de cimento na artroplastia nessa população, uma vez ajustado para covariáveis.
Mensagem prática
Dessa forma, pode-se dizer que a cimentação na artroplastia para a fratura do quadril é um meio seguro de fixação cirúrgica.
19 mar. 2024 
2 min. 
