A artroplastia total de joelho é opção de tratamento para pacientes portadores de osteoartrose quando não há sucesso do tratamento conservador. É uma cirurgia de grande porte, geralmente realizada em pacientes idosos e com outras comorbidades. Além disso, o número de procedimentos realizados no Brasil vem crescendo exponencialmente.
Entretanto, nosso país apresenta um grande déficit de assistência para esse tipo de artroplastia (procedimentos complexos e de alto custo) e antecipar possíveis fatores que levariam a complicações e piores resultados funcionais podem contribuir para melhor controle dos gastos e melhor seleção dos pacientes. Foi publicado recentemente na Revista Brasileira de Ortopedia – RBO um estudo com o objetivo de definir o perfil epidemiológico dos pacientes submetidos a artroplastia total de joelho e suas comorbidades associadas.
O estudo
Foram prospectivamente avaliados 294 pacientes coletando-se dados de comorbidades por entrevista direta. Além disso, foi calculado o índice funcional de comorbidades (ICF), o índice modificado de cinco fatores de fragilidade (5-Factor Modified Frailty (mFI-5), IMC e grau radiográfico da osteoartrose pela classificação de Ahlback modificada por Keyes.
A amostra foi composta de 203 (69%) pacientes do sexo feminino e 91 (31%) do sexo masculino, havendo diferença na distribuição em relação ao sexo (p = 0,000) e a idade dos pacientes variou entre 40 e 86 anos (média de 68,3 para homens e 69,4 para mulheres). O índice de massa corporal (IMC) variou de 17,3 kg/m2 a 44,1 kg/m2, com média de 30 kg/m2, desvio padrão de 4,9 kg/m2 e distribuição normal em ambos os grupos.
A hipertensão arterial sistêmica foi a patologia mais comum, seguida de obesidade e diabetes mellitus. O ICF apresentou uma relação direta com sexo feminino (p = 0,038) e a obesidade (p < 0,001). O mFI-5 apresentou relação somente com a obesidade (p = 0,022), e demonstrou uma chance maior de complicações nesse grupo.
Conclusão
Os pacientes submetidos à artroplastia total de joelho possuem, em sua maioria, uma série de comorbidades associadas que podem influenciar negativamente os resultados e elevar índices de complicações das cirurgias. É importante um acompanhamento clínico para diagnóstico e controle dessas comorbidades para melhora das taxas de sucesso e redução de gasto desnecessário em saúde pública.