Recomendações para manejo da dor na histeroscopia ambulatorial

A histeroscopia é padrão ouro para diagnosticar patologias intrauterinas. Conheça uma revisão sobre manejo da dor nesse tipo de procedimento.

A histeroscopia é o exame padrão ouro para o diagnóstico das patologias intrauterinas. Realizar a histeroscopia diagnóstica ambulatorialmente é totalmente possível, indicada e viável, contudo, muitos médicos ainda apresentam receio em sua realização devido a dor que a paciente possa apresentar. 

Em agosto de 2022 foi publicado um artigo na MPDI com o objetivo de realizar uma revisão abrangente da literatura sobre o manejo da dor em procedimentos histeroscópicos ambulatoriais. A revisão sistemática realizada pelos autores foi apoiada nas bases de dados MEDLINE, EMBASE, The Cochrane Library (Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Methodology Register), Global Health, Health Technology Assessment Database e Web of Science.

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De acordo com os pesquisadores, tanto as estratégias farmacológicas quanto as não farmacológicas para o manejo da dor são viáveis ​​e podem ser aplicadas em consultório para procedimentos histeroscópicos. A escolha da estratégia deve ser modulada de acordo com as características da paciente e dificuldade do procedimento. 

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Recomendações para histeroscopia em consultório

As recomendações para o manejo de mulheres submetidas a histeroscopia no consultório, com base nas evidências disponíveis, os pesquisadores promovem as seguintes recomendações: 

  • Estratégias destinadas a reduzir o nível de ansiedade são úteis para melhorar o conforto e diminuir dor durante a histeroscopia no consultório (Nível A).
  • O tempo de espera antes da histeroscopia no consultório deve ser minimizado ao máximo, uma vez que está associado ao aumento dos níveis de dor (Nível B).
  • O tempo do procedimento deve ser reduzido ao máximo, agendando a paciente para a histeroscopia ambulatorial quando a condição a ser tratada é adequada para o operador e sua experiência (Nível A).

Recomendações para pacientes com adenomiose e endometriose 

As recomendações para o tratamento da dor em mulheres com doenças conhecidas ou suspeitas, como adenomiose ou endometriose, submetidas a histeroscopia ambulatorial. Considerando as evidências disponíveis, os pesquisadores fornecem as seguintes recomendações: 

  • Os histeroscopistas devem prestar atenção especial ao manejo da dor em mulheres que experimentaram dismenorreia, uma vez que o nível de dor pode ser significativamente maior em comparação com mulheres sem dismenorreia (Nível B).
  • Mulheres com adenomiose/endometriose conhecida ou suspeita precisam de estratégias adequadas para dor, antes da realização da histeroscopia ambulatorial (Nível B).

Recomendações para antes do procedimento 

Recomendações sobre estratégias não farmacológicas para o manejo da dor em mulheres submetidas a histeroscopia ambulatorial – antes do procedimento. Considerando as evidências disponíveis, os autores fornecem as seguintes recomendações:

  • A administração de informações em multimídia baseadas em vídeo antes do procedimento é mais eficiente na redução da ansiedade em comparação com a informação escrita tradicional (Nível B).
  • Ouvir música durante o procedimento proporciona alívio da dor e da ansiedade (Nível B).

Recomendações para preparo cervical 

Recomendações sobre o preparo cervical farmacológico em mulheres submetidas a histeroscopia ambulatorial. Considerando todas as evidências disponíveis, os autores apoiam as seguintes recomendações: 

  • O tempo e a dose ideais de administração de dinoprostona devem ser de 3 mg por via vaginal 12 horas antes da histeroscopia no consultório em vez de 3 h antes do procedimento. Este momento é mais eficiente na redução da dor (escore EVA), aumenta a facilidade do procedimento e a satisfação (Nível A). Lembrando que esse não é comumente usado no Brasil.
  • A administração de misoprostol antes da histeroscopia no consultório é considerada eficiente para facilitar o amadurecimento cervical (Nível B) e reduzir a dor do durante o procedimento (Nível A). Mais comumente utilizado em nosso país.
  • A isoniazida vaginal é mais eficiente que o misoprostol no amadurecimento cervical (Nível B), porém não temos essa formulação disponível por via vaginal na maioria dos países.

Recomendações durante o procedimento 

Recomendações sobre temperatura e pressão do meio de distensão nas mulheres submetidas a histeroscopia ambulatorial – durante o procedimento: 

  • Uso de infusão salina morna (41 ◦C) durante a histeroscopia no consultório com o objetivo de diminuir o nível de dor durante o procedimento não é eficaz (Nível B).
  • A pressão de infusão do meio de distensão está correlacionada com a dor percebida durante a histeroscopia e deve ser a mais baixa possível para obter uma visualização adequada (Nível B).
  • O uso de solução salina normal como meio de distensão é melhor que o dióxido de carbono na redução da dor pós-procedimento, com menores efeitos colaterais e aumento da satisfação do paciente (Nível B).
  • A administração de diclofenaco sódico 1 hora antes da histeroscopia ambulatorial não é eficaz na redução da dor durante procedimentos histeroscópicos (Nível B).
  • A administração de paracetamol e ibuprofeno 1 hora antes da histeroscopia ambulatorial não é eficiente na redução da dor durante procedimentos histeroscópicos (Nível B).
  • A administração de tramadol antes do procedimento de histeroscopia é segura e eficiente na redução da dor durante e após a histeroscopia diagnóstica ambulatorial (Nível A).

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Buzzaccarini G, Alonso Pacheco L, Vitagliano A, Haimovich S, Chiantera V, Török P, Vitale SG, Laganà AS, Carugno J. Pain Management during Office Hysteroscopy: An Evidence-Based Approach. Medicina (Kaunas). 2022 Aug 20;58(8):1132. doi: 10.3390/medicina58081132. PMID: 36013599; PMCID: PMC9416725.