Restrição de crescimento fetal: Estudo analisa ligação entre taxa de fluxo da veia umbilical fetal e perfil cardíaco

A restrição de crescimento fetal é uma importante causa de mal desfecho obstétrico, podendo aumentar a morbidade e mortalidade perinatal.

A restrição de crescimento fetal (RCF) é uma importante causa de mal desfecho obstétrico, podendo aumentar a morbidade e mortalidade perinatal. Sendo assim, é de suma importância estudos que nos ajudem a compreender a sua patogênese. Com o avanço da medicina fetal, conseguimos compreender melhor a unidade cardio-feto-placentária. Estudos recentes explicam como a taxa de fluxo da veia umbilical fetal está ligada ao perfil cardíaco na RCF.

crescimento fetal

Estudo

Em agosto de 2022, foi publicado um artigo no American Journal of Obstetrics and Gynecology com o objetivo de mostrar as relações entre a hemodinâmica materna e fetal em uma população de gestantes com suspeita de RCF. Os pesquisadores realizaram um estudo prospectivo de gestações normotensas encaminhadas ao ambulatório devido à suspeita de restrição de crescimento fetal. Realizaram uma medida hemodinâmica materna, usando um dispositivo não invasivo (USCOM-1A®), e uma avaliação de ultra-som fetal para avaliar a biometria fetal e parâmetros do Doppler de velocimetria. 

Foram incluídas 182 gestações normotensas na pesquisa. Após a avaliação, os fetos foram classificados como: com restrição de crescimento, como pequenos para a idade gestacional e  como adequados para a idade gestacional. Os feto com restrição de crescimento tinham diâmetro da veia umbilical significativamente menor (P <0,0001), veia umbilical (P=0,02), fluxo da veia umbilical (P<0,0001) e fluxo da veia umbilical corrigido para o feto (P<0,01) em comparação com fetos adequados e pequenos para a idade gestacional. O perfil hemodinâmico da mãe na restrição do crescimento fetal foi caracterizado por resistência e redução do débito cardíaco. O diâmetro da veia umbilical correlacionou-se positivamente com o débito cardíaco materno (rs=0,261), ao passo que houve correlação negativa com resistência vascular sistêmica materna (rs=-0,338) e relação potencial materno para energia cinética (rs=-0267). O tempo médio máximo da velocidade da veia umbilical fetal foi positivamente correlacionada com o débito cardíaco materno (rs=0,189) e o inotropismo materno (rs=0,162), ao passo que houve correlação negativa com a resistência (rs=-0,264) e a relação potencial materno/energia cinética (rs=-0,171). O fluxo venoso do cordão umbilical fetal e o fluxo corrigido para o peso fetal estimado foram positivamente correlacionados com o débito cardíaco (rs=0,339 e rs=0,297) e o índice de inotropia materna (rs=0,217 er=0,336), enquanto houve correlação negativa com resistência vascular sistêmica materna (rs=-0,461 e rs=-0,409) e a relação potencial materno/energia cinética (rs=-0,336 e rs=-0,408).

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Considerações

Segundo os autores do artigo em questão, os parâmetros hemodinâmicos maternos e fetais são diferentes nos três grupos de fetos. Parâmetros hemodinâmicos maternos estão estreita e continuamente correlacionados com as características hemodinâmicas fetais. Em particular, um perfil hemodinâmico materno com alta resistência vascular sistêmica, baixo débito cardíaco, inotropismo reduzido e circulação hipodinâmica estão correlacionados com uma veia umbilical reduzida e aumento do índice de pulsatilidade da artéria umbilical. A mãe, a placenta e o feto devem ser considerados como uma única unidade cardiofetoplacentária. As correlações da resistência vascular sistêmica, débito cardíaco e índice de inotropia com impedância da artéria indicam o papel fundamental desses três parâmetros na árvore vascular placentária. A taxa de fluxo da veia umbilical e, portanto, a perfusão placentária parecem ser influenciadas não apenas por esses três parâmetros, mas também pela cinética cardiovascular materna. 

Os resultados e conclusões citados acima nos fazem repensar o raciocínio clínico frente a uma gestante com suspeita de RCF, ao enxergar o binômio como um todo, pensando na hemodinâmica materna como possível causa da RCF.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Valensise H, Farsetti D, Pometti F, Vasapollo B, Novelli GP, Lees C, The Cardio-Feto-Placental unit: fetal umbilical vein flow rate is linked to the maternal cardiac profile in fetal growth restriction., American Journal of Obstetrics and Gynecology (2022), doi: https://doi.org/10.1016/ j.ajog.2022.08.004.