Revacinação contra a covid-19 para não respondedores portadores de doenças autoimunes sistêmicas é eficaz?

A resposta vacinal pode ser influenciada por doença autoimune. Por isso, um estudo avaliou se a revacinação contra covid-19 é eficaz.

Atualmente, grande parte da população de diversos países do mundo completou seu primeiro esquema da vacina contra a covid-19. No entanto, sabemos que a resposta vacinal pode ser influenciada por diversos fatores, como idade, presença de doenças autoimunes e tratamentos imunossupressores. Nessas situações, a aplicação de uma terceira dose da vacina tem sido preconizada mundialmente, com o objetivo de minimizar esse problema.

Nesse sentido, Simon et al. desenvolveram um estudo cujo objetivo principal foi avaliar se a aplicação de uma terceira dose da vacina contra o SARS-CoV-2 resultaria em imunidade protetiva naqueles pacientes com doenças autoimunes sistêmicas que não responderam inicialmente (ausência de soroconversão), após a aplicação de duas doses da vacina.

revacinação contra covid-19 em pacientes autoimunes

Revacinação em pacientes autoimunes

Trata-se de um estudo prospectivo que incluiu pacientes com doenças autoimunes sistêmicas que não apresentaram soroconversão (ausência de anticorpos antiproteína spike S1 do SARS-CoV-2, medido através do ELISA), após no mínimo 4 semanas da segunda doses da vacina contra a covid-19 (Pfizer ou AstraZeneca).

Pacientes com histórico de infecção pelo SARS-CoV-2 confirmada pelo RT-PCR ou presença prévia de anticorpos contra a proteína S1 foram excluídos.

O desenvolvimento de imunidade protetiva contra o SARS-CoV-2 foi analisado através da dosagem de anticorpos contra a proteína S1 através do método de ELISA, da pesquisa de anticorpos neutralizantes (inibição >30%) e da avaliação da imunidade de células T utilizando o T-SPOT.COVID (≥8 SFU acima do controle negativo).

Veja mais: Como a vacina da Pfizer contra Covid-19 se comporta em pacientes com doenças reumáticas?

Resultados

Foram incluídos 66 pacientes (33 sem e 33 com rituximabe [RTX]). A maioria dos pacientes eram portadores de artrite reumatoide (45,5%), seguido de vasculites sistêmicas (21,2%) e doenças do tecido conjuntivo (19,7%). A vacina da Pfizer foi aplicada em 58 (87,9%) dos pacientes, sendo que os 8 restantes receberam AstraZeneca.

Os pacientes que faziam uso de RTX apresentavam uma mediana de 7 (4-7,5) ciclos, com o último ciclo realizado há uma mediana de 4,5 (3-8) meses antes da vacinação. A mediana do CD19 dos pacientes tratados com RTX foi de 0 (0-68).

Após a vacinação, a soroconversão ocorreu em 49,2% dos pacientes. Esse aumento ocorreu principalmente no grupo sem RTX (78,8% vs. 18,2% de soroconversão, p<0,0001). De maneira análoga, o grupo sem RTX apresentou maior presença de anticorpos neutralizantes que o grupo com RTX (80,0 vs. 21,9%, p<0,0001). Os autores encontraram baixa correlação entre o tempo de aplicação da última dose de RTX e a resposta vacinal (r de Spearman r=0,31, p=0,093).

Os pacientes que fizeram uso de RTX, ao contrário da resposta humoral, apresentaram maiores respostas de células T tanto antes quanto após a terceira dose, quando comparados com os não usuários de RTX. Essa observação não foi acompanhada de um maior desenvolvimento de anticorpos subsequentemente.

Não houve diferença na resposta com vacinação homóloga (mesma vacina) ou heteróloga (vacinas diferentes). Além disso, nenhuma nova preocupação com eventos adversos foi levantada nesse estudo.

Leia também: Vacinação contra Covid-19: como orientar pacientes com doenças reumáticas imunomediadas

Comentários

A importância desse estudo está no fato de demonstrar que a aplicação de uma terceira dose de vacina contra a covid-19 em pacientes com doenças autoimunes em uso de imunossupressores é segura e eficaz. Isso reforça as medidas de saúde pública que vêm sendo adotadas no Brasil, garantindo uma maior proteção para essa população vulnerável.

Os autores concluíram que esses dados reforçam a importância da aplicação da terceira dose da vacina em pacientes com doenças autoimunes que não responderam após a segunda dose, independente do seu status de células B.

Referência bibliográfica:

  • Simon D, Tascilar K, Fagni F, et al. Efficacy and safety of SARS-CoV-2 revaccination in non-responders with immune-mediated inflammatory disease. Ann Rheum Dis. 2021; doi: 10.1136/annrheumdis-2021-221554.

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