Revisão atualizada dos efeitos da monkeypox no ciclo gravídico-puerperal

Artigo sobre a doença monkeypox ou varíola dos macacos traz uma revisão da literatura sobre essa doença no ciclo gravídico-puerperal.

A varíola do macaco (monkeypox) é uma zoonose descrita inicialmente em 1958 em colônias de macacos usados para pesquisas científicas. Casos da doença em humanos foram descritos 12 anos depois.

A transmissão ocorre através de contato com lesões de pele, perdigotos, relações sexuais e objetos contaminados. A vacina contra varíola confere proteção contra essa doença; entretanto, desde a erradicação da varíola, a vacinação não é mais aplicada.

Recentemente foi publicado um artigo no The International Journal of Gynecology and Obstetrics, por um grupo de autores libaneses, sobre a doença monkeypox ou varíola dos macacos. O artigo é uma revisão da literatura sobre essa doença no ciclo gravídico-puerperal.

Leia também: Caracterização de casos de monkeypox em mulheres e indivíduos não-binários

Revisão atualizada dos efeitos da monkeypox no ciclo gravídico-puerperal

Etiologia e epidemiologia da monkeypox

A varíola dos macacos é causada por um ortopoxvírus, um vírus estruturalmente relacionado com o vírus da varíola.

É uma doença endêmica em países da África, que viu uma grande quantidade de casos aparecer em mais de 100 países não endêmicos, no ano de 2022, frutos da globalização e deslocamento entre as pessoas.

As gestantes são mais susceptíveis a transmissão e infecção dessa zoonose, devido a imunomodulação que ocorre durante a gravidez.

A transmissão vertical é descrita na literatura e pode ocorrer durante a gestação (transplacentária), no parto e no pós-parto, porém não há muitos dados sobre a transmissão durante o aleitamento.

Manifestações clínicas e complicações

As manifestações clínicas em gestantes são semelhantes a não gestantes.

O período de incubação dura entre 7 a 17 dias, seguido por um período prodrômico, que pode incluir febre, dor de cabeça, mal-estar e fadiga e dura de 1 a 4 dias.

Após esse período, os sintomas incluem principalmente febre atingindo 40,5 °C com linfadenopatia dolorosa. Surgem lesões cutâneas, que são umbilicadas e bem circunscritas; começam em um padrão centrífugo, incluindo a face, as palmas das mãos e as plantas dos pés e geralmente estão no mesmo estágio de desenvolvimento.

Os sintomas podem durar até um mês e geralmente são autolimitados. As complicações incluem infecções bacterianas secundárias, desconforto pulmonar, desidratação, encefalite, sepse, perda de visão após infecções oculares e morte.

Saiba mais: Monkeypox: Ministério da Saúde amplia rede de testagem

Diagnóstico da monkeypox

A suspeita clínica ocorre diante do quadro descrito acima e epidemiologia positiva para a doença. Entretanto, o caso confirmado precisa de diagnóstico laboratorial.

A amostra a ser analisada será coletada, preferencialmente, das secreções das lesões. Se as lesões já estiverem secas, o material encaminhado são as crostas das lesões. Também é possível realizar coleta por meio swab de orofaringe (boca e garganta) e swab anal ou genital, nos casos em que o paciente não apresenta lesões na pele ou mucosas. O diagnóstico da varíola dos macacos é realizado de forma laboratorial, por teste molecular ou sequenciamento genético.

Tratamento

Gestantes, puérperas e lactantes devem ser priorizadas para tratamento farmacológico, se indicado e conforme disponibilidade, devido ao provável aumento do risco de doença grave durante a gravidez, risco de transmissão ao feto ou ao recém-nascido.

O tratamento quando indicado será realizado com uma droga antiviral, cuja escolha se baseará no conhecimento até o momento.

Estudos feitos em animais apontam ausência de teratogenicidade do antiviral tecovirimat. Não existem estudos sobre a teratogenicidade em seres humanos. O cidofovir e o brincidofovir foram classificados como classe C pelo Food and Drug Administration (FDA) por causarem alterações na morfologia dos animais em estudo.

Conduta obstétrica na monkeypox

Devido ao risco potencial de transmissão vertical, essas gestações precisam ser acompanhadas com avaliação ultrassonográfica e da vitalidade fetal (cardiotocografia) durante o período de infecção e após a resolução do quadro.

Não há dados suficientes para estabelecer um protocolo para o melhor momento do parto e a via desse nascimento. Entretanto, especialistas recomendam a cesariana em casos de lesões na região ano genital materna.

Prevenção

Além das medidas de cuidados de higiene e respiratória, a vacina da varíola pode proteger em até 80% da varíola dos macacos, que não possui vacina própria.

Entretanto, a vacinação em gestantes deve ser discutida com atenção e considerar os riscos da própria vacina.

Mensagem final

O artigo faz um levantamento dos dados que a literatura internacional possuía sobre a varíola dos macacos em gestantes. Entretanto, há muitas lacunas que merecem maior atenção da comunidade científica e que serão adquiridos conforme forem observados mais casos.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Farah S, Nasr E, Ramadan A, Sayad E, Jallad K. A Review of Monkeypox Infection during Pregnancy. Int J Gynecol Obstet. Accepted Author Manuscript. 2022. DOI: 10.1002/ijgo.14577