Uma revisão sistemática publicada recentemente no periódico European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology, teve como objetivo investigar a eficácia da administração de probióticos vaginais em combinação com a profilaxia antimicrobiana (antibióticos) em comparação com a profilaxia antimicrobiana apenas, sobre os desfechos perinatais em mulheres com rotura prematura de membranas pré-termo (RPMPT).
RPMPT refere-se a perda de líquido via vaginal devido a rotura das membranas amnióticas, antes do início do trabalho de parto e antes de 37 semanas. O manejo expectante dessa condição envolve a administração de antibióticos profiláticos para reduzir infecções maternas e neonatais, bem como o uso de corticosteróides para neuroproteção fetal. No entanto, o uso pode alterar a flora vaginal normal, promovendo o crescimento de outros microorganismos patogênicos e aumentando o risco de infecção ascendente. A teoria de que o efeito prejudicial dos antibióticos na flora vaginal normal pode ser reduzido com a administração simultânea de probióticos, levando a um declínio no risco de parto prematuro, parece ser muito atraente.
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Métodos
Trata-se de uma revisão sistemática e metánalise, cuja estratégia de busca utilizou quatro bases de dados diferentes, pesquisadas até março de 2023. Foram selecionados ensaios clínicos controlados randomizados (ECR) que compararam o uso de probióticos vaginais juntamente com antibióticos versus antibióticos apenas entre mulheres grávidas que apresentaram RPMPT entre 24 e 34 semanas de gestação. Os desfechos primários foram idade gestacional ao nascimento e duração do período de latência. Enquanto, os desfechos secundários foram a taxa de internação na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN), peso ao nascer, tempo de permanência na UTIN e complicações neonatais.
Resultados
Quatro ECRs, envolvendo um total de 339 pacientes, foram incluídos na metanálise.
A idade gestacional no momento do parto e a duração do período de latência foram significativamente maiores entre o grupo probióticos + antibióticos (p = 0,01 e p < 0,001). Houve uma redução significativa na taxa de internação na UTIN e no tempo de internação na UTIN entre o grupo probióticos + antibióticos em comparação com o grupo apenas antibióticos. Uma melhoria significativa o peso ao nascer do bebê após o parto foi demonstrado entre o grupo probióticos + antibióticos (p = 0,002).
Embora tenha havido uma diminuição na incidência de sepse neonatal e síndrome do desconforto respiratório dentro do grupo probióticos + antibióticos versus grupo apenas antibióticos, essas diferenças não foram estatisticamente significativas (p > 0,05).
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Conclusões
A combinação de probióticos vaginais e profilaxia antibiótica demonstrou ser eficaz em melhorar os resultados perinatais em mulheres com RPMPT. Mais ensaios são necessários para validar essas conclusões.