O SUA (sangramento uterino anormal) é um problema recorrente em mulheres em idade reprodutiva, causado por patologias uterinas estruturais, como miomas e pólipos, ou por causas não uterinas, disfunções ovulatórias e uso de medicamentos, por exemplo.
Neste episódio, Caroline Oliveira, ginecologista e editora médica do Whitebook, aborda os principais pontos de atenção em casos de sangramento uterino anormal.
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Fisiopatologia
A menstruação é um evento autolimitado em que ocorre descamação “universal” de um endométrio estruturalmente estável, por apropriada ação sequencial de estrogênio e progesterona.
Alterações hormonais que impeçam a ação sequencial do estrogênio e progesterona comprometem a descamação e a hemostasia endometrial, levando ao SUA.
A principal etiologia do SUA é a anovulação, principalmente crônica (ex.: síndrome dos ovários policísticos – SOP ). Na ausência da ovulação, não há formação do corpo lúteo, não havendo, consequentemente, produção de progesterona. Desse modo, o estrogênio permanece em níveis altos promovendo o espessamento endometrial constante. Quando o endométrio finalmente supera o seu suprimento sanguíneo, ocorre a “descamação” endometrial e o sangramento vaginal assincrônico.
A hemostasia do endométrio está diretamente relacionada com a função plaquetária e fibrinogênica. Deficiências em qualquer um desses componentes resultam em sangramento uterino anormal, por exemplo, pacientes com doença de von Willebrand ou trombocitopenia.
As doenças orgânicas também contribuem para o sangramento uterino anormal. Por exemplo, em pacientes com insuficiência renal , a resistência gonadal aos hormônios e os distúrbios do eixo hipotálamo-hipófise resultam em irregularidades menstruais.
A maioria das mulheres nesse estado renal é amenorreica, mas outras também desenvolvem sangramento uterino anormal. Dados os fatores esmagadores que podem contribuir para a disfunção das vias endócrinas ou hematológicas, o conhecimento aprofundado de uma doença orgânica existente é tão imperativo quanto a compreensão do próprio ciclo menstrual.
SUA anovulatório: Quando não há ovulação, não há produção de progesterona, persistindo o endométrio proliferativo.
- O endométrio proliferativo crônico está associado a:
Decomposição do estroma; - Redução da densidade das arteríolas espiraladas;
- Dilatação;
Instabilidade dos capilares venosos.
Como os vasos endometriais dilatam-se intensamente, o sangramento pode ser grave.
SUA ovulatório: Acredita-se que esse tipo de SUA resulte da dilatação vascular.
Supõe-se que os vasos nutridores do endométrio tenham menor tônus vascular e, consequentemente, maior velocidade de perda sanguínea causada por vasodilatação.
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