Ter animais de estimação auxilia no controle da artrite reumatoide? 

Um estudo avaliou o animal de estimação poderia estimular hábitos de vida saudável e se impactaria na percepção de atividade da AR.

A artrite reumatoide (AR) é uma artropatia inflamatória crônica, que frequentemente leva à piora da qualidade de vida e ao isolamento social devido às suas consequências, como dor, fadiga, disfunção física e alterações do humor. Além do tratamento farmacológico, discutimos previamente em nosso Portal a importância de medidas não farmacológicas de automanejo e autoeficácia na reabilitação desses pacientes. 

Recentemente, diversos estudos vêm demonstrando os benefícios de se possuir um animal de estimação, tanto para a saúde física quanto mental. A interação entre o tutor e seu animal de estimação pode reduzir níveis de estresse psíquico, depressão, sensação de solidão e ansiedade. Alguns autores ainda reforçam o papel dos pets no estímulo à interação social. No caso específico dos cachorros, devido à necessidade de passeios, os pacientes ainda apresentam um aumento no nível de atividade física, que pode ser benéfico na melhora dos sintomas relacionados à AR, facilitando a reabilitação e melhorando o perfil de risco cardiovascular. 

Nesse sentido, Posio et al. conduziram um estudo cujo objetivo foi avaliar se o fato de possuir um animal de estimação poderia estimular hábitos de vida saudável e se impactaria na percepção de atividade da AR. 

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Métodos

Trata-se de um estudo piloto de caso-controle. Foram incluídos 100 pacientes com AR (≤18 anos de idade), na proporção de 1:1 (50 pacientes com pelo menos um animal de estimação [caso] e 50 pacientes sem [controle]), pareados por idade, sexo e idade (± 5 anos). O único critério de exclusão foi a presença de outras doenças concomitantes/síndromes de overlap. 

Os pacientes foram classificados de acordo com a atividade física diária (sedentários vs. ativos). A atividade da AR foi avaliada através do SDAI e a percepção da atividade através da avaliação global do paciente (AGP). 

Resultados 

A idade média dos grupos foi pouco acima de 60 anos, com predomínio do sexo feminino (82%). O IMC foi semelhante, com média de 24,2. 

Os pacientes do grupo caso apresentaram a seguinte distribuição de animais de estimação: 56% pelo menos um cachorro, 23% pelo menos um gato, 10% pelo menos um gato e um cachorro e 10% outros (tartarugas, coelhos e pássaros). 

Com relação à atividade da AR, os pacientes que possuíam animais de estimação apresentaram um menor SDAI do que os pacientes sem animais de estimação (5,8 vs. 8,4, p=0,04). No entanto, as taxas de remissão ao SDAI não diferiram entre os grupos, do ponto de vista estatístico. 

Além disso, os pacientes com pets apresentaram uma menor percepção de atividade de doença avaliada através do AGP (2,5 vs. 3,5, p=0,003). Eles também apresentaram uma tendência a um menor sedentarismo do que os pacientes sem pets, no entanto sem diferença estatisticamente significativa (p=0,06). 

Não houve outras diferenças referentes a PCR, positividade para o fator reumatoide e ACPA e tabagismo. 

Na análise multivariada, o grupo caso apresentou menores valores de AGP (ß -0,30 [IC95% -1,79 a -0,36], p=0,004). 

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Comentários 

Os autores encontraram que a presença de animais domésticos se associou a menor atividade e menor percepção de atividade da AR. Possíveis explicações para essas diferenças seria um maior nível de atividade física nos donos de pets, especialmente para os donos de cachorros, ou uma melhora no estado psíquico do paciente, o que levaria um aumento no limiar da dor (variável importante para as métricas analisadas). 

De todo modo, essa informação pode ser relevante para a reabilitação dos pacientes com AR, dado que isso poderia influenciar de maneira positiva no seu automanejo e autocuidado, além de estimular atividades físicas para atender à rotina dos animais.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Posio C, Suardi I, Caporali R, et al. Owning Pets Reduces the Perception of Disease Activity in Patients With Rheumatoid Arthritis. J Rheumatol. 2024;51:208–9.