A lesão do nervo radial é comum no meio ortopédico, podendo acontecer após traumas cortantes, traumas por PAF, fraturas fechadas de úmero e condutas iatrogênicas. Clinicamente, os pacientes se tornam incapazes de realizar extensão do punho, dedos e polegar. Historicamente, as transferências tendinosas são usadas com resultados reprodutíveis, mas com uma função mais grosseira dos movimentos.
Recentemente, as transferências nervosas surgiram como alternativa e os pacientes parecem se beneficiar de um controle mais fino das atividades, além de poderem recuperar a capacidade sensitiva. Entretanto, os resultados não são tão lineares e demoram a aparecer. Não há consenso atualmente sobre qual seria a melhor forma de tratamento.
Métodos
Foi publicado, no último mês, na revista “Hand” uma revisão sistemática com o objetivo de determinar qual técnica é superior, conforme determinado pela proporção de pacientes que obtiveram bons resultados medidos pelas classificações de função e força.
A pesquisa foi realizada nas bases de dados PubMed, EMBASE, ScienceDirect e Cochrane com o denominador Booleano: (radial nerve) and (palsy OR injury OR paralysis OR injury) and (tendon OR nerve) and (graft OR transfer OR reconstruction OR reinnervation). Vinte e nove artigos foram selecionados após avaliar o critério de inclusão. Escalas de classificação de função e força foram convertidas em um sistema de pontuação tripartido para comparar resultados entre as técnicas.
Resultados
Setecentos e cinquenta e quatro pacientes foram analisados. As transferências de tendão resultaram na maior porcentagem de bons resultados (82%) e na menor porcentagem de resultados insatisfatórios (9%). As transferências de tendão foram superiores aos enxertos de nervo e às transferências de nervo para restauração de extensão do punho. As transferências nervosas para a extensão do punho foram superiores às transferências nervosas para a extensão dos dedos.
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Mensagem prática
Na prática, as transferências tendinosas têm um resultado bom e são mais previsíveis. Entretanto, as transferências nervosas, quando bem selecionados os pacientes (jovens, com pouco tempo de lesão, não-tabagistas), podem chegar a um resultado ótimo, com controle mais fino dos movimentos. A grande questão está em saber o perfil de paciente aos quais cada cirurgia deve ser oferecida.