Troca de luva estéril e instrumental cirúrgico para prevenção de infecção de sítio

A infecção de sítio cirúrgico (ISC) é a complicação cirúrgica mais comum no mundo e afeta, principalmente, pacientes de baixa e média renda.

As causas da infecção de sítio cirúrgico (ISC) são multifatoriais e, na prática, poucas intervenções realizadas para reduzir a incidência dessa complicação se mostraram eficazes quando testadas de forma robusta.

Leia também: Check-up Semanal: diretriz para cirurgia bariátrica, infecção hospitalar e mais!

A Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda a troca rotineira de luvas e instrumentais cirúrgicos antes do fechamento da ferida devido justamente à falta de evidência, pois apenas estudos pequenos e com viés haviam sido feitos até então. Assim, um estudo recente publicado, internacional, multicêntrico, de braços paralelos, randomizado e controlado foi realizado para avaliar se a troca rotineira de luvas e instrumental cirúrgico no momento de fechamento da ferida abdominal reduziria as taxas de ISC.

Troca de luva estéril e instrumental cirúrgico para prevenção de infecção de sítio

Métodos

Foram recrutados 13.301 pacientes de 81 hospital em sete países (Benin, Gana, Índia, México, Nigéria, Ruanda, África do Sul) entre 24 de junho de 2020 e 31 de março de 2022. A média de idade dos participantes foi de 39,3 anos (DP 18), com 88,9% de adultos e 11,1% crianças. Houve um equilíbrio de gênero, sendo 54,8% do sexo feminino. A maior parte deles tinha classificação ASA1 (47,9%) ou 2 (34,1%). Em 46% dos participantes os procedimentos foram eletivos e a maior parte das cirurgias foi aberta (97,8%) com 61,1% das incisões em linha média. Doenças benignas compunham a maior parte das indicações (79%) e 39,2% dos pacientes tinham a cirurgia classificada como contaminada.

Resultados

A taxa de infecção de sítio cirúrgico foi de 18,9% no grupo que realizou a prática atual versus 16% no grupo intervenção (taxa de risco ajustada: 0,87, CI 95%, p = 0,0032). Assim, o estudo mostrou que a troca rotineira de luvas e instrumental antes do fechamento da ferida operatória abdominal reduziu a taxa de ISC em 13% trinta dias após a cirurgia quando comparado ao grupo controle, o que equivale a uma redução de um caso de infecção em cada oito. Essa redução foi observada em uma rede heterogênea de hospitais que incluía grandes centros (nível terciário), mas também pequenos centros, como hospitais rurais com poucos leitos. Além disso, a redução permaneceu em todos as análises realizadas nos subgrupos de cirurgias contaminadas e limpas.

Saiba mais: Cirurgia Geral: cinco assuntos importantes para a Residência Médica

Conclusão e mensagem prática

Dessa forma, os dados encontrados sugerem que a introdução dessas medidas, que são relativamente baratas, simples e podem ser feitas em locais com poucos recursos, trarão benefícios na prática. Vale ressaltar que o estudo não avaliou as práticas de enluvamento simples ou duplo.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • NIHR Global Research Health Unit on Global Surgery. Routine sterile glove and instrument change at the time of abdominal wound closure to prevent surgical site infection (ChEETAh): a pragmatic, cluster-randomised trial in seven low-income and middle-income countries. Lancet. 2022;400(10365):P1767-1776. DOI: 10.1016/S0140-6736(22)01884-0