Uso de aspirina em baixas doses no primeiro trimestre de gravidez e o risco de anomalias congênitas

Uma metanálise observou o risco de aspirina em baixas doses para anomalias congênitas no início da gravidez. Conheça os resultados no artigo.

Aspirina é frequentemente recomendada em gestações de moderado e alto risco para pré-eclâmpsia (PE). Ela reduz o risco de PE melhorando a placentação, prevenindo agregação plaquetária e reduzindo a inflamação endotelial (inibindo a síntese de tromboxano A2). 

Os protocolos nacionais e internacionais recomendam o uso diário em baixas doses (< 150 mg) e início antes de 16 semanas. E em algumas situações, como na síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAAF), assim que diagnosticada a gestação. 

Leia também: Clampeamento tardio do cordão umbilical em diabéticas pode aumentar o risco de hiperbilirrubinemia em neonatos

E como a aspirina atravessa a barreira placentária, há muito interesse e preocupação da comunidade médica sobre seus efeitos durante o primeiro trimestre, especialmente quanto a teratogenicidade.

A aspirina é ainda um tratamento efetivo na prevenção de eventos cardíacos

Estudo

Uma metanálise foi publicada este mês no International Journal Of Gynecology and Obstetrics com objetivo de reunir ensaios clínicos randomizados e avaliar o risco de malformações congênitas diante do uso de aspirina no primeiro trimestre.

A revisão sistemática incluiu ensaios clínicos randomizados com gestantes que foram expostas a aspirina em baixa dosagem ou placebo ou não intervenção no primeiro trimestre, definido como antes de 14 semanas de idade gestacional.

Foram incluídos oito estudos que preenchiam os critérios de inclusão. Esses estudos contavam com 7.564 participantes que receberam aspirina e 7.670 participantes no grupo controle (placebo ou não intervenção). 

As doses de aspirina variaram de 75 a 150 mg entre os estudos e o início do uso variou desde o período pré-concepcional até 14 semanas e zero dias de idade gestacional. 

A incidência total de anomalias congênitas foi de 0,74% (56/7564; IC 95%: 0,57%, 0,96%) nas mulheres expostas a aspirina e 0,88% (68/7670; IC 95%: 0,69%, 1,12%) nas mulheres do grupo controle. Não houve diferença ou aumento de risco de anomalias congênitas nas mulheres que usaram aspirina (OR 0,87, IC 95%: 0,62, 1,23). 

Mesmo quando a análise incluiu apenas estudos que tiveram exposição à aspirina durante o período embrionário (< 9 semanas), o resultado foi consistente com o achado global (OR 0,97, 95% CI: 0,56, 1,69). 

Conclusão

Apesar das limitações dessa metanálise e dos estudos incluídos, os autores concluíram que o uso de aspirina em baixa dosagem durante o primeiro trimestre não aumenta o risco de anomalias congênitas quando comparado a administração de placebo ou a não intervenção. Entretanto, sugerem que mais estudos sejam direcionados a essa temática.  

Além disso, o uso de altas doses ou em mulheres de alto risco para anomalias congênitas, como as diabéticas, não foi avaliado e merece maior atenção no futuro.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Garza-Galvan, M.E., Ferrigno, A.S., Campos-Zamora, M., Bain, P.A., Easter, S.R., Kim, J., Figueras, F., Farber, M.K. and Lumbreras-Marquez, M.I. (2022), Low-dose aspirin use in the first trimester of pregnancy and odds of congenital anomalies: A meta-analysis of randomized controlled trials. Int J Gynecol Obstet. Accepted Author Manuscript. https://doi.org/10.1002/ijgo.14334