A diabetes mellitus (DM) caracteriza-se por um conjunto de alterações metabólicas que têm em comum a hiperglicemia causada por falhas na ação e/ou secreção de insulina. Diversos estudos constatam o uso de fitoterápicos na diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e complicações associadas.
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Ao mesmo tempo que a redução da hiperglicemia é de extrema importância, sabe-se que o estresse oxidativo e a presença de radicais livres também estão relacionados ao desenvolvimento da DM2, além de conduzir a danos aos tecidos (peroxidação lipídica, inativação de proteínas).
A Momordica charantia (Melão de São Caetano) é uma planta medicinal hipoglicemiante e seu mecanismo de ação pode ser elucidado pelo aumento a utilização da glucose pelo fígado, diminuição da gliconeogénese através da inibição das enzimas glicose-6-fosfatase e a frutose-1,6- bisfosfatase, otimização da oxidação da glicose através da ativação da glicose-6- fosfato desidrogenase, aumento da absorção celular de glicose, melhora na liberação de insulina e potenciação do seu efeito.
Dentre os principais fitoquímicos responsáveis por suas propriedades hipoglicemiantes destacam-se cucurbinoides (peptídea insulina like), alcaloides (momordicina), lecitina, glicosídeos e saponinas (momorcharantina). O uso concomitante com insulina ou com antidiabéticos orais, deve ser monitorado, tornando-se importante orientar o paciente, quanto ao risco de hipoglicemia.
Um estudo unicêntrico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo realizado na Universidade Nacional de Gyeongsang na Coreia, contou com a participação de 96 pacientes que receberam a dose diária de 2380mg do extrato do melão de são caetano divididas em duas doses. O grupo controle recebeu cápsulas contendo placebo, por 12 semanas. Os níveis de glicose em jejum melhoraram no grupo intervenção, bem como o HOMA-IR, não havendo diferença no HOMA- β em ambos os grupos.
Outra planta bastante conhecida no Brasil por sua tradicionalidade na DM2, é a folha da Bauhinia forficata (pata de vaca) que possui ação hipoglicemiante devido a presença de flavonoides. O principal fitoquímico envolvido é a kaempferitrina. Seu mecanismo de ação envolve efeito semelhante à insulina no consumo da glicose periférica, inibição da reabsorção de glicose no rim, atraso no catabolismo da insulina (inibição de insulinases) e/ou potenciação do efeito da insulina residual.
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Seu uso requer monitorização devido a potencialização do efeito de hipoglicemiantes orais e da insulina, além de ser contraindicada em pacientes portadores de hipotensão.
Um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, utilizando cápsulas com 300mg de Bauhinia forficata foi administrado diariamente como tratamento adjuvante a 92 pacientes com idades entre 18-75 anos por 4 meses. Os resultados sugeriram que os níveis médios de glicose plasmática em jejum e hemoglobina glicada foram significativamente menores no grupo que recebeu a B. forficata do que no grupo placebo.
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