A equipe de enfermagem possui um papel fundamental na conscientização da vacinação para a população, visto que é responsável pelo monitoramento da cobertura e pela aplicação das doses vacinais.
Nesse contexto, para criar estratégias de busca ativa, os enfermeiros e técnicos de enfermagem seguem o calendário de vacinação preconizado pelo Ministério da Saúde por meio da Política Nacional de Imunização (PNI). Essa organização determina as vacinas a serem administradas, de acordo com a idade e outros fatores de risco, tendo como objetivo promover a erradicação de doenças.
O calendário, também, instrui a equipe em relação à via de administração do imunobiológico, ao sítio de aplicação, à quantidade que deve ser aspirada e ao número de doses que devem ser aplicadas para um esquema vacinal completo. Dessa forma, cabe à enfermagem o aprazamento da dose subsequente e a busca ativa do indivíduo faltoso, assegurando a eficácia da vacina.
Campanha de vacinação contra Covid-19
Frente a essa realidade, podem-se destacar a campanha de vacinação contra a Covid-19 e a resistência populacional, que vem sendo divulgada pelas mídias sobre a aplicação da segunda dose das vacinas contra o Sars-CoV-2. Nesse ínterim, há pessoas que hesitam em se vacinar, atrasando o esquema vacinal ou negando a vacinação. Essas motivações são diversas, podem ser relacionadas a questões políticas, socioculturais, religiosas e decorrente de informações não científicas que especulam somente aspectos negativos das vacinas, inclusive as reações pós vacinais. Ademais, é oportuno salientar a existência de indivíduos que possuem resistência à vacinação em decorrência de medo de injeção ou de reações pós vacinais.
Nesse viés, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou a “SAGE Working Group no Vaccine Hesitancy” para discutir e estabelecer estratégias sobre a recusa vacinal. Dentre as prerrogativas advindas da OMS, destaca-se que cada indivíduo possui determinantes que influenciam a sua tomada de decisão em se vacinar, caracterizado por 3Cs: Confiança, Complacência e Conveniência.
Quando considerado os 3Cs no contexto da vacinação contra a Covid-19, pode-se supor a baixa adesão da vacinação e/ou da segunda dose devido: à existência de diferentes eficácias dos imunobiológicos existentes no Brasil, ao negacionismo de parte da população com relação à realidade ou gravidade do vírus, e a oferta ineficaz das vacinas à população.
Protagonismo da enfermagem na educação em saúde
A enfermagem é responsável por grande parte da divulgação referente à vacinação, principalmente no que tange à educação em saúde. Assim, os enfermeiros detêm o compromisso ético de informar a importância da vacina e dos públicos prioritários envolvidos. Além disso, convém reforçar as tratativas de equidade e universalidade na organização da campanha vacinal, para assegurar os princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Nesse ambiente, além de ensinarem à população, os profissionais protegem a integridade do SUS e do PNI, tendo como premissa a segurança e a eficácia dos imunizantes. Sendo assim, possuem relevância e credibilidade, sobretudo ao mencionarem a necessidade da vacinação com o esquema completo (na aplicação da segunda dose) da Covid-19. Outra informação essencial que deve ser divulgada é em relação aos riscos da doença, com objetivo zelar por medidas de prevenção.
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Por fim, é indispensável que haja um papel educativo à população, desconsiderando os viés pessoais e as transmissões de informações sem evidências científicas. Desse modo, o papel da enfermagem é de conscientizar a população não vacinada sobre a notoriedade do aumento da cobertura vacinal, para que haja um impacto relevante na redução da epidemia no Brasil.
Referências bibliográficas:
- Ministério da Saúde. Plano Nacional de operaciolização da vacinação contra a COVID-19. Secretaria de Vigilância em Saúde 7 edição, 108p, 2021.
- Gugel S, Girardi LM, de Melo Vaneski L, de Souza RP, Pinotti RDOE, Lachowicz G & Veiga JFP. (2021). Percepções acerca da importância da vacinação e da recusa vacinal: uma revisão bibliográfica. Brazilian Journal of Development, 7(3), 22710-22722. Acesso em: 14 de jun 2021. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/25872/23417
- ARAÚJO, Tânia Maria de; SOUZA, Fernanda de Oliveira; PINHO, Paloma de Sousa. Vacinação e fatores associados entre trabalhadores da saúde. Cadernos de Saúde Pública, [S.L.], v. 35, n. 4, p. 2-4, 2019. FapUNIFESP (SciELO). Acesso em: 14 de jun de 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/GLCPTgn3BWvThtqxGVbPNFj/?lang=pt