Vacinação de gestantes e lactantes contra a Covid-19: atualizações

Embora a OMS tenha retificado sua postura, ainda não temos protocolos defendendo explicitamente a vacinação de gestante e lactantes.

Em 26 de janeiro de 2021, a OMS declarou explicitamente sua postura desaconselhando a vacinação de gestantes e lactantes contra o novo coronavírus. Após posicionamentos de importantes sociedades obstétricas e pediátricas, a OMS retificou sua opinião para uma linguagem mais permissiva diante da vacinação deste grupo. Porém, ainda não temos protocolos defendendo explicitamente a vacinação de gestantes e lactantes.

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Vacinação de gestantes e lactantes contra a Covid-19: atualizações

Posicionamento do JAMA

Na última semana, a revista JAMA lançou um editorial discutindo sobre o tema. O artigo comenta que um dos principais motivos pelos quais nem mulheres grávidas nem lactantes foram incluídas nos ensaios da vacina Covid-19 é a preocupação com a responsabilidade sobre os efeitos adversos potenciais sobre o feto de um novo produto administrado durante a gravidez. Essa falta de inclusão dessas populações em ensaios clínicos de vacinação está bem documentada, e sem boas estratégias para driblar as questões jurídicas, é improvável que estudos de novas terapêuticas incluam de forma voluntária gestantes e lactantes.

Segurança da vacina de RNAm

O editorial pontua que embora as plataformas de RNAm das vacinas Covid-19 disponíveis sejam distintas das vacinas contra influenza e DTPa, que atualmente são usadas durante a gravidez, as vacinas de RNAm estiveram em desenvolvimento na última década e usadas em outros ensaios clínicos: estudos da Zika, bem como vários tipos de câncer (como câncer de mama e melanoma). Parece ser bem estabelecido que não há risco de adquirir infecção pela vacina, se traduzindo em grande segurança para a população de gestantes e lactantes.

É improvável que o lipídio da vacina entre na corrente sanguínea e alcance o tecido mamário

A falta de dados para o uso de vacinas de RNAm durante a lactação se reflete nas recomendações da Academy of Breastfeeding Medicine, que afirmam: “Durante a lactação, é improvável que o lipídio da vacina entre na corrente sanguínea e alcance o tecido mamário. Se isso acontecer, é ainda menos provável que a nanopartícula intacta ou o RNAm sejam transferidos para o leite. No caso improvável de que o RNAm esteja presente no leite, espera-se que seja digerido pela criança e não tenha quaisquer efeitos biológicos. ”

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Além disso, A organização afirma ainda que os riscos desconhecidos em potencial devem ser comparados ao benefício potencial da proteção neonatal contra infecções por meio da transferência passiva de anticorpos do leite materno.

Tendência atual: 

  • A Food and Drug Administration (FDA) e o Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização deixaram em aberto a opção para mulheres grávidas e lactantes receberem a vacina.
  • O Disease Control and Prevention (CDC), American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), Academy of Breastfeeding Medicine (ABM), Society for Maternal & Fetal Medicine (SMFM) e o Infant Risk Center (IRC) consideram que as vacinas de RNAm contra Covid-19 não apresentam contraindicação para lactante e lactente.
  • A Rede Brasileira de Banco de Leite Humano, a Associação Espanhola de Bancos de Leite Humano, assim como da Grã-Bretanha e da Irlanda, dentre outras; consideram que não há contraindicação para que doadoras de leite humano sejam vacinadas contra a Covid-19, bem como defendem a manutenção da amamentação para mulheres vacinas.

Novas expectativas:

Dada a importância de reduzir o risco de Covid-19 para mulheres grávidas e lactantes e seus recém-nascidos, é fundamental determinar o perfil de segurança dessas vacinações em tempo real

Seria muito útil, por exemplo, se fossem disponibilizados e analisados os dados das mulheres grávidas que participaram inadvertidamente dos estudos até então, enquanto ficamos aguardando por novos estudos que registrem tanto os sintomas relacionados à vacina quanto os desfechos obstétricos e infantis.

Conforme essas evidências forem surgindo, elas vão substituindo as recomendações baseadas apenas na opinião de especialistas, que são as únicas armas que temos até o momento.

Referências bibliográficas:

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