Vale a pena estender a profilaxia de tromboembolismo após alta hospitalar?

O risco de tromboembolismo venoso permanece por mais 6 semanas ou mais após a alta, descubra se é benéfico estender a tromboprofilaxia com anticoagulantes.

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Estudos mostram a importância da profilaxia de tromboembolismo intra-hospitalar, que pode reduzir os casos em 50 a 60%. O risco de tromboembolismo venoso permanece por mais 6 semanas ou mais após a alta, porém não há evidências de que estender a tromboprofilaxia com anticoagulantes orais trará benefícios. Para nos ajudar a esclarecer essa questão, o New England Journal of Medicine publicou um estudo randomizado, duplo-cego, de tratamento com rivaroxabana iniciado na alta e administrado por 45 dias em pacientes clinicamente doentes com risco de tromboembolismo venoso.

Neste estudo, os pacientes que estavam em risco aumentado de tromboembolismo venoso, com base em um escore modificado IMPROVE (International Medical Prevention Registry on Venous Thromboembolism) maior ou igual a 4, ou um escore 2 ou 3, mais um nível plasmático de D-dímero superior a duas vezes o limite superior da faixa normal (definido de acordo com os critérios laboratoriais locais) receberam na alta hospitalar rivaroxabana uma vez ao dia na dose de 10 mg (com a dose ajustada para insuficiência renal) ou placebo por 45 dias. O desfecho primário de eficácia foi um composto de tromboembolismo venoso sintomático ou morte por tromboembolismo venoso. O principal desfecho de segurança foi sangramento importante.

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Foram randomizados 12.024 participantes, dos quais 12.019 foram incluídos na análise por intenção de tratar. O desfecho primário de eficácia ocorreu em 50 de 6007 pacientes (0,83%) que receberam rivaroxabana, e em 66 de 6012 pacientes (1,10%) que receberam placebo (razão de risco, 0,76; intervalo de confiança de 95% [IC], 0,52 a 1,09; P = 0,14). O desfecho secundário pré-especificado de tromboembolismo venoso não fatal sintomático ocorreu em 0,18% dos pacientes no grupo rivaroxabana e 0,42% dos pacientes no grupo placebo (hazard ratio, 0,44; IC 95%, 0,22 a 0,89). A hemorragia grave ocorreu em 17 de 5.982 pacientes (0,28%) no grupo rivaroxabana e em 9 de 5.980 pacientes (0,15%) no grupo placebo (razão de risco, 1,88; IC 95%, 0,84 a 4,23).

Em conclusão, o estudo não mostrou um benefício significativo no uso de rivaroxabana iniciado na alta hospitalar em relação ao desfecho composto de tromboembolismo venoso fatal ou sintomático nos pacientes. Dada a incidência relativamente baixa de eventos, a utilidade da tromboprofilaxia prolongada permanece incerta. Estudos futuros devem identificar com maior precisão as mortes causadas por mecanismos trombóticos e focar nos pacientes que estão em maior risco e que podem se beneficiar da profilaxia anticoagulante.

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Referências:

  • Rivaroxaban for Thromboprophylaxis after Hospitalization for Medical Illness. The New England journal of Medicine. Aug 2018.

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