Vale a pena fazer teste de receptividade endometrial para fertilização in vitro?

Um estudo fez um teste de receptividade endometrial com a biópsia vs transferências simples sem testes de receptividade.

A transferência de embriões congelados tem aumentado no mundo. Em 2014 estimou-se que aproximadamente 40% (800 mil ciclos) dos dois milhões de ciclos realizados no mundo tenham sido realizadas transferências intrauterinas de embriões congelados. Em 202 mais de 75% dos tratamentos de infertilidade envolveram criopreservação de embriões e mais de 200 mil transferências de embriões congelados foram feitas nos Estados Unidos. Assim, é importante a utilização de protocolos eficazes de transferência que otimizem as taxas de nascidos vivos.  

O endométrio humano permite implantação somente durante a fase receptiva que se dá em torno de seis a 12 dias após ovulação. Os protocolos hormonais tentam mimetizar essa fase receptiva para expor o endométrio a implantação do embrião. Entretanto a duração ótima do uso de progesterona permanece desconhecido assim como nenhum marcador se mostrou eficaz para demonstrar a receptividade endometrial.  

A análise da receptividade endometrial pode ser testada através de biópsia e análise transcriptômica do mesmo demonstrando as seguintes fases: pré-receptivo, receptivo precoce, receptivo, receptivo tardio ou pós receptivos. O teste objetiva encontrar uma janela de seis horas, que se faz a transferência do embrião congelado dos pais para início da exposição à progesterona. 

fertilização in vitro

Novo estudo 

Um trabalho publicado no JAMA de 6 dezembro trouxe os resultados de um estudo duplo cego, randomizado e multicêntrico dos EUA que fez um teste de receptividade endometrial com a biópsia vs transferências simples sem testes de receptividade. Um grupo de 381 pacientes foram submetidas a biópsia para avaliar a receptividade endometrial e outro grupo de 386 pacientes serviu como controle não realizando o teste.  

O desfecho primário foi análise de nascidos vivos em cada grupo. Os desfechos secundários analisados em ambos os grupos foram taxas de gestações laboratoriais e clínicas e o número de perdas gestacionais.  

Resultados 

Os resultados mostraram participantes com idade média de 35 anos sendo que 98% completaram a pesquisa. No desfecho primário, observaram 58,5% das transferências no grupo de intervenção vs 61,9% das transferências do grupo controle resultando em nascidos vivos (diferença de –3,4%, 95% IC, -10,3% a 3,5%; RR 0,95 [IC 95%, 0,79 a 1,13. P= 0,38]. Não houveram diferenças significativas entre os grupos para os desfechos secundários incluindo taxa de gravidez laboratorial (77,2% vs 79,5% respectivamente; diferença -2,3% [IC 95%, -8,2% a 3,5%. RR 0,97 [IC 95%. 0,83 – 1,14; P = 0,48] e taxa de gravidez clínica (68,8% vs 72,8%, respectivamente; diferença -4,0% [IC 95%, -10,4% a 2,4%]; RR 0,94 [IC 95%, 0,80 a 1,12]; P = 0,25). 

Conclusão 

Entre os pacientes cuja fertilização in vitro resultou em blastocistos euploides os usos do teste de receptividade como guia para transferência de embriões congelados, em comparação com a transferência em tempo padrão não melhorou a taxa de nascidos vivos.  

Mensagem prática 

Os achados não indicaram o uso rotineiro do teste de receptividade endometrial para guiar a época de transferência de embriões congelados.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Doyle N, Jahandideh S, Hill MJ, Widra EA, Levy M, Devine K. Effect of Timing by Endometrial Receptivity Testing vs Standard Timing of Frozen Embryo Transfer on Live Birth in Patients Undergoing In Vitro Fertilization: A Randomized Clinical Trial. JAMA. 2022 Dec 6;328(21):2117-2125. doi: 10.1001/jama.2022.20438. PMID: 36472596.