HPV e verrugas genitais: o que todo médico deve saber

O tempo médio entre a infecção pelo HPV de alto risco e o desenvolvimento de câncer é de aproximadamente 20 anos.

O HPV é a causa de infecção sexualmente transmissível mais comum em termos de prevalência naG população em geral. A transmissão é tanto heterossexual quanto homossexual, ocorrendo por via penetrativa ou não. A maioria dos infectados não apresentam sinais ou sintomas clinicamente significativos e podem experimentar uma infecção transitória. O risco geral estimado para a exposição chega até a 25% para cada nova parceria sexual e a infecção por um tipo viral não impede a infecção por outros tipos. 

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A frequência da infecção varia de acordo com a localização anatômica, havendo maior prevalência anogenital que oral. Embora a idade não esteja associada à prevalência de HPV genital entre os homens, a taxa de diagnóstico de uma infecção recente é maior entre mulheres mais jovens (30 anos). O tempo médio entre a infecção pelo HPV de alto risco e o desenvolvimento de câncer é de aproximadamente 20 anos e isso varia de acordo com o tipo do vírus, sua carga viral, sua capacidade de persistência e o estado imunológico do hospedeiro.  

Pacientes imunocomprometidos apresentam sintomas persistentes da infecção por HPV resultando em lesões de alto grau que não regridem e geralmente levam à carcinogênese.  

HPV

Manifestações clínicas

Subclínicas: são aquelas detectadas pelo exame preventivo do colo do útero. O estudo citológico de material coletado do canal anal ainda é debate, mas deve ser considerado em homens que fazem sexo com homens e pessoas com prática sexual anal receptiva, pelo maior risco de câncer anorretal.  

Clínicas: as lesões são polimórficas, em geral são pequenas, mas podem atingir alguns centímetros. Podem ser únicas ou múltiplas e sempre papilomatosas. A superfície é fosca, aveludada e são da cor da pele, eritematosas ou hiperpigmentadas. Em geral são assintomáticas, mas podem ser pruriginosas, dolorosas, friáveis ou sangrantes. Em geral, as verrugas anogenitais resultam de tipos não oncogênicos do HPV. 

Em indivíduos do sexo masculino as lesões ocorrem majoritariamente na parte interna do prepúcio, no sulco bálano-prepucial ou na glande. Em indivíduos do sexo feminino, ocorrem na vulva, vagina e cérvice. Homens e mulheres podem ser acometidos nas regiões inguinais ou perianais. Entretanto, o acometimento perianal é mais frequente, ainda que não seja exclusivo, em pessoas que tenham atividade sexual anal receptiva.  

Diagnóstico e tratamento do HPV 

O diagnóstico é tipicamente clínico. Porém, em algumas situações há indicação de biópsia: 

  • Dúvida diagnóstica,  
  • Suspeita de neoplasias ou outras doenças, 
  • Lesões atípicas ou que não respondam aos tratamentos, 
  • Lesões suspeitas em pessoas com imunodeficiências (nesse caso o procedimento deve ser considerado precocemente).  

O objetivo do tratamento é a destruição das lesões identificáveis, porém, não há evidência de que os tratamentos disponíveis modifiquem a história natural da infecção. O tratamento deve ser individualizado, considerando as características das lesões, a disponibilidade de recursos, os efeitos adversos e a experiência do profissional. 

Não há mudança nas recomendações terapêuticas para indivíduos com imunodeficiência. Entretanto, os pacientes nessas condições tendem a apresentar pior resposta, requerendo maior atenção pela possibilidade de complicações. 

As parcerias sexuais também precisam ser examinadas e orientadas com relação ao fato de a infecção ser assintomática e ter um período de incubação longo. Assim, dificilmente é possível estabelecer em qual parceria sexual iniciou-se a infecção. 

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Prevenção contra o HPV 

A vacinação é uma opção segura e eficaz na prevenção da infecção pelo HPV e suas complicações, sendo mais eficaz para adolescentes vacinados antes do primeiro contato sexual, o que induz a produção de anticorpos em quantidade dez vezes maior que a encontrada na infecção naturalmente adquirida em um prazo de dois anos. 

O Ministério da Saúde disponibiliza a vacina quadrivalente contra HPV tipos 6 e 11 (de baixo risco oncogênico, responsáveis por lesões verrucosas) e 16 e 18 (de alto risco oncogênico) para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, com duas doses com intervalo de seis meses entre elas. Além disso, essa vacina também é disponibilizada nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) para pessoas que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea e pacientes oncológicos, de 9 a 26 anos ou 9 a 45 anos (a depender da imunossupressão), com esquema em três doses (0, 2, 6 meses).  

Na rede privada, está disponível a vacina nonavalente, que protege contra os tipos 6, 11, 16, 18, já contemplados na vacina quadrivalente e, 31, 33, 45, 52 e 58, subtipos oncogênicos contemplados adicionalmente.  

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-de-conteudo/pcdts/2022/ist/pcdt-ist-2022_isbn-1.pdf
  • Ntanasis-Stathopoulos I, Kyriazoglou A, Liontos M, A Dimopoulos M, Gavriatopoulou M. Current trends in the management and prevention of human papillomavirus (HPV) infection. Journal of BUON: official journal of the Balkan Union of Oncology [Internet]. 2020 May 1;25(3):1281–5. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32862567/   ‌