Aos 16 anos, muito sonhadora, escolhi a enfermagem como profissão. Tinha uma prima que eu considerava ser bem sucedida na área, atuando com Estratégia Saúde da Família em Ilha Grande, Rio de Janeiro, que foi uma inspiração devido a sua dedicação com a profissão e a família. Foi, então, assim, ainda em tenra idade, ouvindo que “teria que ser menos estabanada para cuidar das pessoas” que eu ingressei na Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC), na Universidade Federal Fluminense (UFF).
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Início
Na primeira semana de trote acadêmico, no desafio de proteger um ovo cru eu já o quebrei no primeiro dia. Ri da situação, mas por dentro eu estava chorando. E assim fiz muitos amigos, aliás, melhores amigos! Ri, gargalhei e animei muitos deles com um temperamento tranquilo, leve e fé de que tudo sempre daria certo para nós.
Sempre acreditei que a vida era feita de ciclos e após a formatura mais um ciclo terminaria, para que outro se iniciasse. Pé no chão, com muita fé, com uma ligeira falha de assiduidade e procrastinação, me formei! “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu…” Aliás,” E agora, Aurora?”. Enquanto muitos estavam com medo das mudanças, de não passarem em uma residência ou conseguirem o emprego dos sonhos, eu só pensava que o ciclo que se iniciava mostraria ainda mais o meu potencial, com grande responsabilidade, cumpridora de metas e – o que depois me descobri – uma workaholic de carteirinha.
Alguns dos amigos criticaram a minha certeza de que daria tudo certo e sugeriram que eu começasse logo a trabalhar, mesmo que fosse em uma área na qual não tivesse interesse de atuação. Pensei: “Moro com os meus pais, não tenho contas a pagar e nem dívidas. Vou estudar seis meses para a residência de Saúde da Família da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP).” E foi assim, com muita fé, que eu fiquei em sexto lugar e não fui aprovada. “E agora, Aurora?” Aliás, “E agora, Mariana?” Pois bem, me inscrevi na especialização de saúde família na UFF, fiz a prova e passei. Era essa a minha inclinação, desta forma, me especializei em saúde da família em 2013.
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Durante esse período me inscrevi em uma bolsa do Ministério da Saúde para ser avaliadora de qualidade pelo Programa de Melhoria de Acesso e de Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Conheci outros dois grandes amigos, que me incentivaram a crescer ainda mais profissionalmente. Depois que a bolsa acabou, ingressei como enfermeira de saúde da família e assim permaneci por seis anos.
Durante os anos de atuação como enfermeira de saúde da família precisei morar longe dos meus pais, sendo acolhida por uma tia que morava em outro município. Sendo assim, durante cinco anos trabalhei de segunda a quinta, quando retornava para casa. Como enfermeira, atuei em preceptoria e fui adquirindo mais amor pelo ensino de enfermagem. Eu era apaixonada pela carreira que tinha construído e pela forma com que movia a vida das pessoas, por meio do cuidado. Entretanto, surgiu um novo ciclo, que me fez sair da zona de conforto e, dessa vez, não foi tão fácil decidir.
Após seis anos como enfermeira, decidi ser gerente de Unidade Básica de Saúde. A ideia pairava na mente, mas a decisão veio quando a equipe que eu liderava, suspeitando que algo estava diferente, me questionou. Quando comentei o possível plano fui surpreendida com muito encorajamento e palavras de gratidão por uma liderança justa e rigorosa. E foi assim que a gestão entrou na minha vida.
Ainda nesse período, resolvi fazer mestrado, e me inscrevi no Mestrado Profissional de Ensino na Saúde (MPES). Passei dois anos com uma turma, multiprofissional, excepcional e com a minha querida orientadora. Com auxílio do título de mestre hoje atuo como conteudista de Atenção Primária à Saúde no Nursebook.
Mensagem final
A única certeza que tenho é que os ciclos vão continuar e se me perguntarem novamente, “E agora, Mariana?”, seguirei com fé em Deus, confiando que tudo sempre dará certo.