A consulta médica inicia, o paciente se acomoda e a entrevista clínica começa com a anamnese e segue com exame clínico. Surgem então a hipótese diagnóstica e sua devida abordagem terapêutica, que culmina na prescrição médica. A elaboração da receita se inicia e nesse momento doses podem ser checadas e até mesmo nomes de medicamentos podem ser conferidos. Já com tudo escrito com suas posologias, o receituário é entregue ao paciente com as orientações e a consulta termina.
Entretanto, um questionamento pode surgir: essa prescrição será seguida? O paciente terá condições de ter acesso ao medicamento prescrito? Infelizmente, essa dúvida não é levantada em muitas das consultas médicas, o que se torna preocupante ao observar o padrão socioeconômico da população brasileira. A aquisição de medicamentos é parte expressiva da utilização de renda de muitas famílias, podendo ser responsável por até 29,2% dos gastos com saúde, segundo algumas avaliações. Esse fato pode gerar impactos bem maiores em contextos de crise, como o cenário resultante da pandemia de COVID-19.1
O impacto econômico da prescrição médica
Os custos de saúde associados à prescrição devem ser contextualizados ao momento econômico do país, em que os gastos com as medicações são equilibrados com outras necessidades básicas como a alimentação, que têm seus itens em constante alta, e muitas vezes não permitindo alcançar o equilíbrio. Na realidade brasileira, mesmo com a relevância do SUS e a disponibilização de medicações em Unidades Básicas de Saúde e programas como Farmácia Popular, é notado que muitos entraves ainda existem, como deficiências e inconstâncias no abastecimento e distribuição de medicações.2
Essas barreiras impactam diretamente no acesso final das opções terapêuticas necessárias no plano de cuidado do paciente. Essa limitação de acesso, por sua vez, não só desequilibra a renda familiar como também favorece o não seguimento terapêutico, inviabilizando a melhora clínica do paciente ou mesmo sua piora clínica. Para além dos cenários micro, no plano macropolítico esse desfecho desequilibra não só o fluxo de acesso à saúde e renda familiares, como também a própria organização do sistema de saúde, que recebe de volta um paciente com queixas não resolvidas e até mesmo mais grave.
O impacto econômico da prescrição para o paciente é parte fundamental da consulta médica. Esse resultado implica no desfecho da consulta e de diferentes indicadores de qualidade assistencial do sistema de saúde, seja ele público ou privado. Perguntar ativamente se os custos de um tratamento cabem no orçamento familiar pode ser o diferencial para o sucesso terapêutico e melhores desfechos clínicos, gerando verdadeira resolutividade no atendimento médico e um fortalecimento do vínculo médico-paciente.
Utilizar a empatia e construir uma boa relação médico-paciente é a chave para compreender as circunstâncias do doente, entendendo sua capacidade de seguir o tratamento com a obtenção das medicações, e de acordo com o contexto individual, adequar a prescrição, na medida do possível, para facilitar a aquisição medicamentosa e o sucesso terapêutico, incorporando os valores e crenças da pessoa que recebe o cuidado na sua elaboração de plano compartilhado.
Para finalizar, vale a pena pontuar que a comparação de preços de medicamentos pode ser uma estratégia útil de ser informada ao paciente, principalmente em casos onde as medicações necessárias são de custo elevado independente do perfil de produção e comercialização. Uma ferramenta de destaque para facilitar a comparação de preços é o CliqueFarma, oferecendo facilidade e agilidade nesse processo, que sem dúvidas impacta positivamente na renda do indivíduo e no sucesso terapêutico.