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Nesta semana, falamos sobre estudo que avalia segurança do alopurinol em doses altas para gota. Por isso, em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, trazemos a apresentação clínica da gota.
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Apresentação Clínica
Anamnese
Quadro clínico:
Diferenciam-se três estágios na história natural da doença por deposição de cristais de urato (gota), sendo elas:
Artrite gotosa aguda: Episódio agudo de gota caracterizado por dor monoarticular intensa, calor, rubor, edema e limitação funcional da articulação envolvida, mais comumente em membro inferior (primeira articulação metatarsofalangiana ou joelho).
- O quadro inflamatório atinge seu pico em 12 a 24 horas, com melhora em dias a semanas, mesmo sem tratamento;
- Crises de artrite gotosa são mais comuns durante a noite;
- A inflamação pode se estender por articulações e tendões próximos (tenosinovite) e pelo tecido celular subcutâneo (celulite);
- Também pode acometer tornozelo, dorso do pé, pulso ombro e outras bursas, inclusive articulação esternoclavicular. Porém estes sítios são mais comuns na recorrência da artrite gotosa. Raramente acomete esqueleto axial;
- Em menos de 20% dos casos, a manifestação inicial é de uma poliartrite gotosa. Porém, com a progressão da doença, os episódios se tornam mais frequentes.
Período intercrítico e artrite gotosa recorrente: Período que se inicia após crise aguda, se estendendo até o episódio de crise seguinte. Inicialmente, o período intercrítico caracteriza-se por ser totalmente assintomático, no entanto, com a progressão da doença, pode adquirir as características da gota crônica. A recorrência costuma acontecer, na maioria dos indivíduos sem tratamento, em até 2 anos após o primeiro episódio.
Gota tofácea crônica: Caracterizada por coleções de sais de urato sólidos acompanhados por inflamação crônica com destruição do tecido circunjacente. Tofos são comuns nas orelhas, em estruturas articulares, tendões ou bursas. Raramente, pacientes podem apresentar gota tofácea crônica sem episódios prévios de artrite gotosa aguda, devendo-se suspeitar de doenças mieloproliferativas ou defeitos enzimáticos hereditários nestes casos.
Fatores de risco:
Idade avançada, sexo masculino ou sexo feminino após menopausa, hiperuricemia (>7 mg/dL), obesidade, hipertensão arterial, hiperlipidemia, doença isquêmica do coração, diabetes mellitus, doença renal crônica, álcool, fatores dietéticos (dieta rica em purinas, de origem animal e frutos do mar), álcool, medicamentos que alteram o balanço do ácido úrico (tiazídicos ou diuréticos de alça).
Fatores desencadeantes de quadro agudo:
Trauma, cirurgia recente, alimentos gordurosos, desidratação, baixas temperaturas, jejum, uso de medicamentos que alteram o balanço do ácido úrico (ex.: alopurinol, diuréticos de alça ou tiazídicos, ácido acetilsalicílico, agentes uricosúricos), transgressão dietética (com alto consumo de alimentos ricos em ácido úrico), outras artropatias concomitantes (osteoartrite, artrite reumatóide), início do tratamento de hiperuricemia.
Complicações:
Infecção secundária, nefropatia por ácido úrico, nefrolitíase, artrite degenerativa grave, fraturas em articulações com gota tofácea, compressão nervosa (síndrome do nervo interósseo posterior).
Exame Físico
Artrite gotosa aguda: Artrite monoarticular (principalmente no primeiro episódio) ou poliarticular (mais comuns com a progressão da doença), com calor, rubor, dor e edema em articulações acometidas e estruturas periarticulares. Febre é incomum, porém pode estar presente. Raramente pode se manifestar como poliartrite migratória.
Gota tofácea crônica: Presença de tofos em tecidos moles, principalmente: orelhas, dedos, bursa pré-patelar e olécrano. Em casos graves pode acometer o olho, com nódulos conjuntivais, ceratopatia em banda, visão turva, esclerite e, raramente, uveíte anterior.