Voluntários recebem sangue criado em laboratório no Reino Unido

O procedimento faz parte de um teste para verificar como o sangue fabricado em laboratório se comporta dentro do corpo humano. Confira!

Voluntários receberam pequenas quantidades (equivalentes a algumas colheres) de transfusões de sangue criado em laboratório, no primeiro ensaio clínico do tipo no mundo. O procedimento faz parte de um teste para verificar como o sangue fabricado em laboratório se comporta dentro do corpo humano. O projeto é uma iniciativa de pesquisa conjunta do Serviço Nacional de Saúde, Sangue e Transplante (NHSBT) e da Universidade de Bristol, do Reino Unido. 

Longe de substituir as doações de sangue por completo, uma vez que a maior parte das transfusões de sangue vai sempre depender de doadores voluntários, o objetivo é atender a demanda de pessoas com grupos sanguíneos ultrarraros e aqueles que dependem de transfusões regulares, como os indivíduos com anemia falciforme. Caso o sangue não seja exatamente compatível, o organismo começa a rejeitá-lo, anulando o tratamento. 

“Esta pesquisa oferece uma esperança real para os pacientes com células falciformes difíceis de transfundir que desenvolveram anticorpos contra a maioria dos grupos sanguíneos de doadores”, disse o diretor executivo da British Sickle Cell Anemia Society, John James. 

A professora da Universidade de Bristol, Ashley Toye, lembrou que alguns grupos são muito raros e que pode ​​haver apenas dez pessoas no país capazes de doar. Esse é o caso do Bombay (falso O). Na Índia, local onde este tipo sanguíneo foi descoberto, a prevalência deste sangue é de um para cada 10 mil pessoas. Na Europa, a prevalência cai para um a cada 1 milhão de pessoas. No momento, há apenas três unidades em estoque desse tipo sanguíneo em todo o Reino Unido. 

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Como o sangue é criado? 

O projeto de pesquisa se concentra nos glóbulos vermelhos, que transportam oxigênio dos pulmões para o resto do corpo. 

Segundo informações da BBC News, o material foi desenvolvido a partir de uma doação normal de cerca de 470 ml de sangue. Esferas magnéticas são usadas para “pescar” células-tronco flexíveis e capazes de se tornar um glóbulo vermelho. Essas células-tronco são incentivadas a crescer em grande número nos laboratórios. Depois, elas são direcionadas para se tornar glóbulos vermelhos. 

Todo o processo leva cerca de três semanas e uma reserva inicial de cerca de meio milhão de células-tronco resulta em 50 bilhões de glóbulos vermelhos. 

Estes são então filtrados para se obter cerca de 15 bilhões de glóbulos vermelhos que estão no estágio certo de desenvolvimento para transplante. 

“Queremos produzir o máximo de sangue possível no futuro, então imagino uma sala cheia de máquinas produzindo continuamente a partir de uma doação de sangue normal”, contou Toye. 

Primeiros voluntários e principais desafios 

Duas pessoas já participaram do ensaio, que vai testar o sangue de dez voluntários saudáveis. Eles vão receber duas transfusões de 5 a 10 ml com, pelo menos, quatro meses de intervalo — uma de sangue normal e outra de sangue criado em laboratório. 

O sangue foi marcado com uma substância radioativa, frequentemente utilizada em procedimentos médicos, para que os cientistas pudessem observar quanto tempo dura no corpo. Espera-se que o sangue artificial seja mais potente que o normal. 

Normalmente, os glóbulos vermelhos duram 120 dias antes de precisarem ser substituídos. Uma doação de sangue típica contém uma mistura de glóbulos vermelhos jovens e velhos, enquanto o sangue cultivado em laboratório é produzido na hora, devendo durar os 120 dias completos. 

Os pesquisadores suspeitam que esse novo ciclo de transfusão possa permitir doações menores e menos frequentes no futuro. No entanto, existem desafios financeiros e tecnológicos consideráveis, uma vez que a doação de sangue comum custa cerca de 130 libras (+/- 750 reais). Já o cultivo de sangue custará muito mais, embora a equipe de cientistas ainda tenha revelado o valor. 

Outro desafio importante é que as células-tronco colhidas acabam se enfraquecendo, o que limita a quantidade de sangue a ser fabricado. Sendo assim, serão realizadas mais pesquisas para produzir os volumes que seriam necessários clinicamente. 

*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Pessoas recebem sangue criado em laboratório em teste inédito. BBC Brasil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-63514883
  • Unprecedented: Volunteers receive the first blood transfusion created in the laboratory. Run Down Bulletin. Disponível em: https://rundownbulletin.com/healthcare/92471.html