WFPICCS 2022: Comportamento epidemiológico das internações por dengue e febre hemorrágica no Brasil

A dengue é uma doença com alta incidência no Brasil. Conheça um estudo que avalia o comportamento epidemiológico das internações pediátricas.

A dengue é uma doença infecciosa viral febril caracterizada por sintomas leves que podem evoluir para febre hemorrágica da dengue (FHD). No Brasil, por razões socioeconômicas e ambientais, é um importante problema de saúde pública, tendo elevadas taxas de morbidade entre crianças.  

Pesquisadores brasileiros de Minas Gerais e do Espírito Santo avaliaram o comportamento epidemiológico das internações por dengue e FHD no país, destacando a importância da vigilância em saúde. O estudo Dengue and its secondary hemorrhagic fever among children: a life-threatening health problem in Brazil, de Brito e colaboradores, foi apresentado como e-poster no último congresso da World Federation of Pediatric Intensive & Critical Care Societies (WFPICCS 2022), realizado de 12 a 16 de julho.

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Metodologia

Foram coletados dados do Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde do Brasil. A população do estudo foi composta por crianças com idades de 0 a 14 anos diagnosticadas com dengue clássica e/ou FHD no período de janeiro de 2008 a novembro de 2021 em território brasileiro. As variáveis analisadas foram internações e óbitos ao longo dos anos, tempo de internação e gastos hospitalares.

Resultados

Os pesquisadores descreveram que foram notificadas 192.424 internações por dengue e FHD no período do estudo, das quais 95,3% foram consideradas emergências médicas. O comportamento epidemiológico oscilou ao longo dos anos, com um aumento de 162,0% entre 2017 e 2019, seguido de uma tendência de queda a partir de 2020.

Apesar da baixa taxa de mortalidade (0,24%), Brito e colaboradores relataram que esse cenário foi responsável por US$ 12.347.942,38 em despesas e um total de 652.552 dias de internação. 

Conclusões

Infelizmente, a dengue ainda é responsável por um grande impacto socioeconômico no sistema público de saúde brasileiro, uma vez que seus casos graves requerem cuidados intensivos para evitar choque, falência de órgãos e óbito.

Os autores do estudo observaram que, devido à pandemia de Covid-19 e ao medo da população de se contaminar nas unidades hospitalares, houve uma subnotificação de casos de arboviroses. Como o diagnóstico e o monitoramento precoces são preditores de bom prognóstico, é fundamental estimular a notificação, a vigilância epidemiológica e as medidas de higiene sanitária. 

Comentário

A dengue representa um relevante problema de saúde não somente no Brasil. É encontrada em climas tropicais e subtropicais em todo o planeta, especialmente em áreas urbanas e semiurbanas. Ademais, tem aumentado em países de climas mais amenos, como nos Estados Unidos, em viajantes que estiveram em áreas endêmicas.

A prevenção e o controle da doença dependem de medidas eficazes de controle de vetores, em especial o mosquito Aedes aegypti (menos frequentemente o Aedes albopictus). O envolvimento sustentado da comunidade e dos profissionais de saúde pode melhorar substancialmente os esforços de controle desses insetos. O combate aos vetores e, consequentemente, à doença e a sua forma grave, é dever de todos.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • BRITO, V. P. et al. PP356 - Dengue and its secondary hemorrhagic fever among children: a life-threatening health problem in Brazil 11th Congress of the World Federation of Pediatric Intensive & Critical Care Societies 12-16 July 2022 | Virtual World Congress. https://wfpiccs.org/wfpiccs-2022/  ([email protected])