Whitebook: poliomielite

O que você sabe sobre apresentação clínica e abordagem diagnóstica da poliomielite? Confira neste conteúdo do Whitebook Clinical Decision.

Vamos abordar, em mais uma publicação de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, a apresentação clínica e algumas opções de abordagens diagnósticas da poliomielite.

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A poliomielite, também conhecida como “paralisia infantil”, é uma doença aguda causada pelo poliovírus. É caracterizada por paralisia flácida, com acometimento assimétrico dos membros inferiores com flacidez muscular, arreflexia no segmento atingido e sensibilidade preservada.

O ser humano é o reservatório, especialmente crianças, e a transmissão ocorre por via fecal-oral, ou oral-oral por contato direto pessoa a pessoa através de gotículas de secreções da orofaringe. O período de incubação compreende de 7 a 12 dias (limites de 2 a 30 dias).

A vacinação ou a infecção conferem imunidade permanente para o sorotipo do poliovírus. As pessoas imunes podem apresentar reinfecção e servir como reservatório para o vírus, mesmo em caso de menor carga e períodos curtos. O recém-nascido apresenta imunidade passiva nos primeiros meses.

poliomielite

Anamnese e exame físico da poliomielite

No quadro clínico da doença, as manifestações clínicas incluem:

Forma assintomática: 90% das infecções, diagnóstico somente por exames laboratoriais;

Forma abortiva: 5% dos casos com sintomas inespecíficos como cefaleia, febre, tosse e coriza, e alterações gastrointestinais (náuseas, êmeses, dor abdominal e diarreia), o diagnóstico é somente por exames laboratoriais;

Forma meningite asséptica: 1% das infecções com sinais e sintomas iniciais da forma abortiva, seguido de sinais de irritação meníngea;

Forma paralítica: 1-1,6% dos casos, e é responsável pelas características clínicas típicas, incluindo:

    • Deficiência motora aguda (até 3 dias), associada à febre;
    • Assimetria, principalmente em membros inferiores;
    • Flacidez muscular e arreflexia/hiporreflexia na área paralisada;
    • Sequela de paralisia residual após 60 dias do início da doença.

Observação: a sensibilidade se mantém inalterada. Alguns casos podem apresentar paralisia grave e morte.

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Abordagem diagnóstica da poliomielite

O diagnóstico é clínico-laboratorial, sendo esse último obtido por exames específicos e exames inespecíficos.

Exames Específicos

Uma opção é o isolamento do vírus a partir da coleta de amostra de fezes do caso suspeito ou dos contactantes, e detecção por soroneutralização ou a reação em cadeia da polimerase de transcrição reversa (RT-PCR) para sequências específicas do genoma do poliovírus. Além disso, há a opção de sequenciamento nucleotídico (região do gene para VP1) para definição de poliovírus selvagem/vacinal e sorotipagem.

Alguns pontos importantes:

  • A coleta de fezes dos casos tem melhor rendimento na fase aguda da doença (até o 14º dia do início da deficiência motora). O swab retal é utilizado somente em casos de paralisia flácida aguda (PFA) que foram a óbito antes da coleta de fezes;
  • A coleta de fezes de contactantes deve ser realizada na suspeita de reintrodução da circulação do poliovírus selvagem ou após confirmação do caso por vírus derivado vacinal;
  • Não se deve coletar amostras de contactantes vacinados contra poliomielite nos últimos 30 dias.

Exames Inespecíficos

1. Eletromiografia: sinais de afecção em neurônio motor inferior.

2. Liquor: útil para diagnóstico diferencial em relação a outras doenças como síndrome de Guillain-Barré e meningites. Na poliomielite, é observado um aumento da celularidade e um pequeno aumento de proteínas.

3. Anatomopatologia: as alterações histológicas da poliomielite consistem em perivasculite linfocitária, atividade inflamatória, nódulos ou atividade microglial difusa e figuras de neuronofagia (neurônios fagocitados por células da microglia). São características comuns às encefalomielites, mas na poliomielite há predominância no corno anterior da medula e tronco cerebral.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. 5a ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.

  • Ministério da Saúde (BR). Orientações sobre vacinação [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.

  • Ministério da Saúde (BR). Vacinação: quais são as vacinas, para quê servem, por que vacinar, mitos [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.