Zika: exame para diagnóstico, desenvolvido no Brasil, chega ao mercado

O exame sorológico que detecta a presença de anticorpos contra o vírus zika em amostras de sangue chegou ao mercado brasileiro.

O exame sorológico que detecta a presença de anticorpos contra o vírus zika em amostras de sangue chegou ao mercado brasileiro. Desenvolvido pela empresa AdvaGen Biotech, em colaboração com pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e do Instituto Butantan, o teste é capaz de identificar se a pessoa foi infectada mesmo após o término da fase aguda da doença.

Além disso, o produto apresenta alta precisão mesmo em quem já tive dengue ou febre amarela, o que deve facilitar o trabalho dos médicos e das autoridades de saúde pública.

Com a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso comercial, a empresa responsável está validando o kit de testes para fazer parte do Projeto Cegonha, do Sistema Único de Saúde (SUS) para o acompanhamento das gestantes em todo o país. Os responsáveis calculam que o custo do teste por pessoa fique em torno de R$ 30.

Testes do novo exame para zika

Testado em mais de 3 mil mulheres de diferentes estados do país, o método foi baseado na metodologia conhecida como ELISA (ensaio de imunoabsorção enzimática), justamente para ser de baixo custo e de amplo alcance para a população.

Leia também: Após pandemia, o que aprendemos sobre a infecção pelo vírus Zika?

A plataforma é composta por uma placa com 96 pequenos poros em que uma proteína viral capaz de ser reconhecida pelo sistema imunológico fica aderida. Esses poros são preenchidos com os soros de até 94 pacientes simultaneamente, com outros dois poros usados como controle.

Nos casos em que os pacientes já foram contaminados com o zika vírus, os anticorpos IgG ficam aderidos à proteína viral, o que é detectado em seguida por ensaios colorimétricos.

De acordo com Edison Luiz Durigon, pesquisador do ICB-USP e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do novo teste, a quantidade de anticorpos pode determinar se a infecção é mais recente ou antiga.

“Se a quantidade diminuiu bastante, é provável que a infecção tenha ocorrido há um ano, por exemplo. Esse anticorpo não desaparece totalmente do organismo, mas diminui muito com o tempo. Mesmo que a pessoa tenha um nível baixo de anticorpos de uma infecção antiga, ao entrar em contato novamente com o vírus, os níveis de imunidade rapidamente se recuperam”, explica o pesquisador.

Diferenciais do novo exame

Além de determinar quais pessoas já foram expostas ao vírus, o novo teste sorológico é capaz de identificar casos de mulheres que foram infectadas pelo vírus durante a gravidez e cujos bebês nasceram sem microcefalia, uma vez que essas crianças podem apresentar no futuro complicações de desenvolvimento como déficit cognitivo e dificuldades motoras.

Para Edison Luiz Durigon, o novo teste pode ser estratégico para a formulação de políticas públicas. “A microcefalia é só a ponta do iceberg. A doença é assintomática muitas vezes e até hoje não sabemos a dimensão da epidemia por carência de dados. Acreditamos que cerca de 90% das gestantes que tiveram zika não relataram a doença por não terem notado a infecção. Portanto, muitas das crianças que nasceram sem microcefalia podem vir a apresentar disfunções que só serão percebidas a partir da idade escolar”, disse o especialista.

Ainda segundo o pesquisador, com o novo método é possível identificar esses casos específicos, que necessitam de exames mais sofisticados, como tomografia e ressonância, para detectar essas lesões no cérebro.

Outra grande vantagem do teste em relação aos já disponíveis no mercado é a capacidade de medir anticorpos muito específicos e, assim, identificar a ocorrência de infecção por zika no soro sanguíneo mesmo em amostras de pessoas que já tiveram contato com patógenos aparentados, como o vírus da dengue.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED.

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