O vírus sincicial respiratório (VSR) é mundialmente considerado o principal agente causador de infecções virais do trato respiratório superior e inferior, em bebês e crianças pequenas¹.
Um estudo de revisão sistemática, publicado em 2022, estimou a ocorrência global, em 2019, de 33 milhões de casos de infecções do trato respiratório inferior causadas pelo VSR em crianças menores de 5 anos de idade.1,2 Dentre esses casos, pelo menos 3,4 milhões resultaram em internações hospitalares, o que demonstra o grande impacto dessa infecção viral sobre os recursos de saúde¹.
Estudos recentes demonstram que mais de 70% dos casos de admissões hospitalares por bronquiolite causada por VSR ocorrem em crianças previamente saudáveis, sem nenhuma doença crônica subjacente. Nesse contexto, é importante salientar que a prevenção contra infecções pelo VSR é necessária para todas as crianças de até 2 anos de idade, período no qual há maior incidência de casos e maior vulnerabilidade dos pacientes1,3.
Nirsevimabe
O nirsevimabe é um anticorpo monoclonal recombinante humano tipo IgG1 Kappa que atua no bloqueio da proteína de fusão F do VSR em sua forma pré-fusional, impedindo sua entrada na célula do hospedeiro4,5.
Uma característica interessante dessa molécula é sua meia-vida sérica prolongada, que permite sua administração em dose única. Esse esquema, através de uma única injeção intramuscular, fornece proteção aos bebês por pelo menos 150 dias, ou seja, durante a sazonalidade do VSR, período que varia entre os países e entre diferentes regiões de um mesmo país5.
Um estudo duplo-cego placebo-controlado avaliou a segurança e eficácia do nirsevimabe em bebês prematuros (com idade gestacional de 29 semanas a 34 semanas e 6 dias) saudáveis, no período de novembro de 2016 a novembro de 2017. Esses bebês tinham menos de 1 ano de idade e estavam entrando em seu primeiro período de sazonalidade do VSR. Foram incluídos 1453 bebês menores de 1 ano de idade, divididos em dois grupos: 969 receberam nirsevimabe (dose única de 50mg via intramuscular), no início do período de sazonalidade do vírus, e 484 receberam placebo5.
Esse estudo constatou que houve uma redução de 70,1% dos atendimentos médicos por infecções do trato respiratório inferior causadas pelo VSR no grupo que recebeu nirsevimabe. Houve também redução das hospitalizações em 78,4% em relação ao grupo placebo. A ocorrência de eventos adversos foi similar entre os dois grupos, e não foi registrado nenhum caso grave de reação adversa relacionado ao uso de nirsevimabe5.
Outro estudo, também duplo-cego placebo-controlado, avaliou a segurança e eficácia de nirsevimabe em bebês prematuros tardios (com idade gestacional mínima de 35 semanas) e a termo, também previamente saudáveis. Foram avaliados 3012 bebês, sendo 1998 do grupo que recebeu nirsevimabe e 996 do grupo placebo. Houve uma eficácia de 76,4% na redução dos atendimentos médicos e de 76,8% das hospitalizações por infecções do trato respiratório inferior causadas pelo VSR. A frequência e os tipos de eventos adversos ocorridos durante o período avaliado foram similares entre os dois grupos6.