O Brasil é ainda o país onde mais morrem enfermeiros no mundo por conta da pandemia: 143 profissionais entre auxiliares, enfermeiros e técnicos vieram a óbito por causa da Covid-19 e há 16.064 casos confirmados, segundo dados divulgados do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN).
O estado que registrou mais óbitos foi o Rio de Janeiro (36), seguido por São Paulo (32). No dia 12 de maio, Dia Internacional da Enfermagem, profissionais da categoria fizeram atos em cidades como Rio de Janeiro e Brasília, em homenagem aos colegas perdidos e reivindicaram melhores condições de trabalho para a categoria.
De acordo com os dados do Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep-Gripe), o número total de internações de profissionais de saúde sem uma confirmação da Covid-19 é ainda maior: 276.
Com uma possível subnotificação no número de casos, há chance de parte desses casos ainda não confirmados de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) serem também de Covid-19. Até a semana passada, nove enfermeiros vieram a óbito com confirmação do novo coronavírus no país.
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“É uma situação grave, que exige medidas imediatas para evitar o adoecimento em massa de profissionais, que pode ser catastrófico não apenas para os diretamente afetados, mas para o próprio sistema de saúde do Brasil”, alerta Manoel Neri, presidente do Cofen.
Números da Covid-19 pelo mundo
Em todo o mundo, mais de 260 profissionais de enfermagem já vieram a óbito e 90 mil estão infectados pela doença, segundo o International Council of Nurses (ICN).
Na Espanha, segundo país com mais casos de Covid-19 no mundo, 50 profissionais de saúde vieram a óbito até o dia 7 de maio, segundo dados da Organización Colegial de Enfermería.
“Já são 50 profissionais de saúde mortos pela Covid-19 no país. Pedimos ás autoridades o mesmo respeito, solidariedade e sensibilidade com os profissionais que os que são mostrados diariamente pelos cidadãos em suas janelas. Eles devem ser os primeiros a encorajar, parabenizar e agradecer por nosso trabalho quando colocamos nossas próprias vidas antes de salvar os doentes, algo que é pedido a muito poucos grupos”, disse o presidente da entidade, Florentino Perez.
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O Conselho Internacional de Enfermagem (ICN) reuniu mais informações de suas Associações Nacionais de Enfermagem, que indicam que, no mínimo, 90 mil profissionais de saúde foram infectados e mais de 260 enfermeiros vieram a óbito. No entanto, a própria entidade alerta que os dados estão subnotificados e o número real pode ser o dobro.
“A falta de dados oficiais sobre infecções e mortes entre os profissionais de saúde é escandalosa. Médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde foram expostos a um risco maior devido à falta de EPIS e à falta de preparação para essa pandemia. Como resultado, as taxas de infecção e as mortes aumentam diariamente. A falha dos governos em coletar essas informações de maneira consistente significa que não temos os dados que seriam adicionados à ciência que poderiam melhorar as medidas de controle e prevenção de infecções e salvar a vida de outros profissionais de saúde”, disse Howard Catton, CEO do ICN.
*Esse artigo foi revisado pela equipe de enfermagem da PEBMED
Referências bibliográficas: