A morte perinatal é compreendida como o falecimento fetal, a partir de 22 semanas (natimorto) e neonatal, até 28 dias de vida do recém-nascido. Dentre as principais causas, estão o diabetes mellitus gestacional, pré eclâmpsia, e mais recentemente, as infecções maternas pelo coronavírus SARS-CoV-2. Em revisão sistemática e metanálise realizada em 2021, observa-se que o número de natimortos e, consequentemente, do luto perinatal, na pandemia aumentou, principalmente em países de média e baixa renda.
Luto perinatal
Nesse contexto, os enfermeiros, presentes desde o acompanhamento do pré-natal, desempenham um papel relevante na prevenção e suporte ao luto perinatal. No entanto, encontram dificuldades para o planejamento do cuidado diante dessas situações. Na perspectiva das taxonomias e classificações de enfermagem, diagnósticos de enfermagem como pesar complicado e risco de pesar complicado, presente na NANDA International; e processo de luto familiar, processo de luto, e processo de luto disfuncional, na Classificação Internacional para Prática de Enfermagem (CIPE®), representam possíveis respostas humanas frente ao luto perinatal.
Diante de tais julgamentos clínicos, os enfermeiros têm utilizado ao longo do tempo intervenções como: cuidados na interrupção da gravidez, que incluem o preparo físico e psicológico, administração de medicamentos, conforme necessário, fornecimento de orientações sobre a reação de luto, e monitorização dos sinais vitais e clínica-obstétrica; e apoio a expressão de luto, por meio da escuta ativa e qualificada.
Contudo, especificamente nos casos de Covid-19, os enfermeiros devem buscar constantemente atualizações de intervenções seguras e eficazes, para além desses cuidados, focando principalmente na prevenção da mortalidade perinatal. Dentre os cuidados, estão o isolamento de contatos suspeitos e confirmados para Covid-19, higienização das mãos, distanciamento social, e a vacinação.
Atualmente, as vacinas disponíveis no Brasil são a Sinovac/Butantan, Astrazeneca/Oxford, e Pfizer/BioNTech. As mesmas utilizam a tecnologia de vírus inativado, vetor viral recombinante, e RNA mensageiro, respectivamente.
No entanto, temporariamente, está suspensa a administração da Astrazeneca em gestantes e puérperas. Além disso, a Nota Técnica nº 651/2021- CGPNI/DEIDT/SVS/MS, de 19/05/2021, prevê a continuidade da vacinação em gestantes com comorbidades, e a interrupção da vacinação em gestantes sem comorbidades.
As comorbidades reconhecidas pelo Ministério da Saúde, na Nota Técnica Nº 1/2021 – DAPES/SAPS/MS, de 15/03/2021, são: diabetes, hipertensão arterial crônica, obesidade (IMC≥30 Kg/m2), doença cardiovascular, asma brônquica, imunossupressão, transplantadas, doenças renais crônicas, e doenças autoimunes. As puérperas e lactantes enquadradas nesses grupos também devem ser vacinadas, e a amamentação deve ser incentivada.
Ressalta-se que as gestantes e puérperas devem ser esclarecidas sobre as limitações do conhecimento sobre a temática. Dessa forma, a orientação clara do enfermeiro a gestante, com a exposição dos riscos e benefícios do imunizante deve subsidiar a escolha livre e informada da mulher para vacinação. E diante de qualquer evento adverso pós-vacinação, o profissional deve notificá-lo pelo e-SUS Notifica.
Referências bibliográficas
- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Nota Técnica Nº 1/2021 – DAPES/SAPS/MS. Recomendações referentes à administração de vacinas Covid-19 em gestantes, puérperas e lactantes, incluindo os esclarecimentos que devem ser fornecidos para tomada de decisão. 15 mar. 2021.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. Nota Técnica nº 651/2021-CGPNI/DEIDT/SVS/MS. Retificação à Nota Técnica nº 627/2021-CGPNI/DEIDT/SVS/MS referente à suspensão temporária da vacinação contra a covid-19 com a vacina AstraZeneca/Oxford em gestantes e puérperas; interrupção da vacinação contra a covid-19 em gestantes sem comorbidades e continuidade da vacinação contra a covid-19 em gestantes com comorbidades. 19 mai.2021.
- CHMIELEWSKA, B.; et al. Effects of the COVID-19 pandemic on maternal and perinatal outcomes: a systematic review and meta-analysis. The Lancet, v. 9, p. E759-E772, 2021. Disponível em: <https://www.thelancet.com/journals/langlo/article/PIIS2214-109X(21)00079- 6/fulltext#%20>. Acesso em: 18 de junho de 2021.