O suicídio no mundo contemporâneo [Setembro Amarelo]

O suicídio é um grave problema de saúde no mundo. O ato interrompe um processo natural da vida, sendo ocasionado por sentimentos conflituosos. Saiba mais.

O suicídio é um grave problema de saúde no mundo. O ato interrompe um processo natural da vida, sendo este ocasionado por diversos sentimentos conflituosos, onde a plenitude da vida se torna cada vez mais distante. Gostaria de chamar atenção não para os fatores subjetivos inerentes ao sujeito, que se relacionam com o suicídio, mas sobre a doutrina materialista em que vivemos, que corrompe muitas pessoas ao ato. O distanciamento do “Ser” e a aproximação do “Ter”, pode estar provocando um colapso nas proposições de vida e um distanciamento de uma vida feliz. O desgosto pela vida, onde muitos sentem que não há mais razões para viver, pode estar provoca o suicídio. 

Fato é que, os sentimentos são criados pelo mundo externo aliado a vulnerabilidade do indivíduo. No mundo atual há a estranha necessidade de sucesso, vendida todos os dias como ato necessário para viver  provoca sensação de que subindo degraus, sempre ganhando, sempre melhorando nossa vida material, sendo mais rico ou mais bem sucedido, chegaremos a condição de felicidade. Quando não alcançado, a compreensão de vitória ou de ser bem sucedido, podemos cair em  uma crise existencial, provocada pela pressão desenfreada do mundo. Quando esses fatos são aliados ao desamparo social e possuem a impulsividade do sujeito relacionada, temos um amplo caminho para a perda de nossa identidade, de nossa alegria e do nosso propósito de vida. 

Propósito é ato constante na vida feliz. É importante dizer que não é todo propósito que é bom ou que é benéfico para a pessoa. Muitos caminhos que tomamos nos levam direto a busca de resultados e isso quer dizer que nasce uma pressão para o comportamento perfeito. Nunca usamos tanto a palavra FOCO! Objetivo é sempre a concentração na apropriação quase sempre material. Poucas vezes vemos a palavra sugerida ao foco na felicidade, foco na família, foco nas coisas boas da vida. Nesse movimento, a sociedade vai gerando um sinônimo entre felicidade e chegar ao topo. Mas será que esse movimento tem gerado boas coisas à sociedade? Bom, bem sabemos em nossas vidas pessoais, que a pressão por melhores resultados nos trás sentimentos como estresse, ansiedade, raiva etc. Quando não alcançamos bons resultados, desenvolvemos frustrações que podem até nos levar a uma compreensão que a vida não vale a pena. 

Saiba mais: Suicídio e ideação suicida na pediatria: houve aumento dos casos durante a pandemia?

O atual cenário, onde milhares de pessoas no mundo cometem suicídio, pode se aproximar de um ritual japonês denominado Haraquiri. Iniciado com os Samurais esse ritual consistia na reparação da honra pelo suicídio. Na segunda guerra mundial, generais que não conseguiam vitória em guerra, também tiravam a própria vida, por se sentirem indignos e desonrados com as derrotas.  No mundo atual, o suicídio parece estar ligado a vulnerabilidades psíquicas e ao sentimento de derrota, de impotência diante do sucesso. Muitos se afetam no caminho natural do viver em sociedade que preserva a moralidade, honra e outros atributos ligados à vitória e ao sucesso, não sei se nos distanciamos muito dos antigos samurais, mas sei que temos mais recursos também para lidar com essas questões. 

O setembro amarelo como iniciativa para discutir o suicídio

O suicídio é um terrível mal que deve ser combatido pela humanidade. A trágica solução que alguns encontram para o sofrimento leva famílias e toda a sociedade ao sofrimento. O setembro amarelo veio como forma de resposta. No dia 10 de setembro temos o dia mundial de combate ao suicídio. Discussões são realizadas em todo mundo com objetivo de diminuir a incidência de suicídio. No Brasil, a iniciativa ficou famosa no mês de setembro, mas sabendo as autoridades da importância de se discutir o assunto em todos os meses do ano. Desde 2014, o setembro amarelo faz parte do calendário de atenção do Ministério da Saúde e inicia-se com campanhas de instituições e conselhos de classe dos trabalhadores da saúde do Brasil. Os casos atingem mais os jovens e por isso requer atenção da população e do estado. Mas não é o bastante, com a pandemia há necessidade do aumento de iniciativas para a diminuição dos casos de suicídio no Brasil.

Algumas informações sobre o assunto são importantes

Principais fatores de risco:

  • Doenças mentais
  • Tentativa prévia
  • Pessoas jovens

As doenças mentais elevam a vulnerabilidade para o suicídio. Damos atenção aqui à depressão que aparece como uma das doenças que mais leva os jovens a buscar o fim da própria vida. A tentativa prévia aparece na maioria dos casos de suicídio, sendo que 8 em cada 10 pessoas que cometeram o suicídio já realizaram alguma tentativa ao longo da vida. Os jovens são vulneráveis ao Suicídio. Esses são suscetíveis às mudanças fisiológicas pois estão em fase de amadurecimento físico e psíquico. Quem convive com um adolescente, sabe que as mudanças nem sempre são fáceis. Nós sabemos que tudo isso vai passar, mas para isso precisamos trabalhar juntos em prol da criança ou do jovem que está precisando da nossa ajuda

Como identificar que o jovem está precisando de ajuda? 

  • Fique atento às modificações do corpo ou mudanças fisiológicas que levam ao desencadeamento de doença psíquica. Essa fase é de constante modificação e devemos ter muita atenção;
  • Analisar se a pessoa possui vulnerabilidades sociais ou genéticas. As vulnerabilidades sociais são fatores de risco. Mas não é apenas avaliar a condição socioeconômica, mas questões que levam a pessoa a um detrimento da saúde mental;
  • Fique atento aos sinais. Os pais, professores, parentes e amigos podem ser fundamentais nessa identificação. Algumas alterações de comportamento quando observadas podem salvar vidas;
  • Observe se o jovem fica isolado, se possui impulsividade de reação, tristeza constante, dificuldade em se relacionar com pessoas, crises de raiva ou agitação, problemas com autoestima, se gosta de comportamento de risco, se utiliza álcool ou outras drogas em excesso.
  • Observe se o jovem provoca automutilações, que é definida como qualquer comportamento intencional envolvendo agressão a si próprio, sem intenção de suicídio. É um fator de risco, mesmo não sendo objetivo, o suicido. Esse evento nos mostra que o adolescente pode não saber lidar com situações.

Leia também: Nos Estados Unidos, a taxa de suicídio teve um aumento entre adolescentes e adultos jovens

O acolhimento, a empatia e a criação de vínculos são dispositivos importantes para qualquer contato com o jovem. Lembre-se que no mundo de hoje, a pressão por resultados chega cada vez mais cedo na vida dos jovens. Por isso, essa discussão se torna cada vez mais necessária nos ambientes escolares e nos territórios. É importante criar redes de acolhimento dos jovens, impedindo que doenças tratáveis possam se tornar um perigo real. Os profissionais de saúde, principalmente enfermeiros que são o maior número de profissionais da linha de frente, devem investir na prevenção do suicídio. Para isso, torna-se necessário que os diversos atores da sociedade possam refletir também sobre a lógica de vida, de estudo e trabalho dos jovens. 

Referências bibliográficas:

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