O dia do cego foi constituído com a finalidade de diminuir o preconceito e discriminação, sendo instituído em julho 1961, pelo presidente do Jânio Quadros, a partir do decreto nº 51.045. Celebrado em 13 de dezembro, torna-se um dia importante no calendário de saúde. A criação da data tem como objetivo consolidar os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que objetiva alcançar a igualdade a todos os cidadãos. O termo cego por muito tempo, foi visto como pejorativo, mas hoje temos novas concepções sobre o termo e aceitação social. O cego é o indivíduo com comprometimento visual em seus diversos graus. Hoje sabemos que temos a cegueira total, baixa visão ou visão reduzida, subnormal. Mas hoje vamos trazer outros tipos de classificação, uma vez que abordaremos a prática esportiva para essas pessoas.
Pois bem, o esporte é um componente fundamental na ressocialização da pessoa cega ou com baixa visão, além de ser instrumento de cuidado à saúde mental e física. A prática esportiva gera inclusão social e oportuniza maravilhosas experiências individual e coletivas. Muitas são as possibilidades para as pessoas cegas na área dos esportes. Alguns esportes como Atletismo, Natação, Ciclismo, Remo, e alguns específicos para deficientes visuais como o Goalball e Futebol de 5, ficaram famosos durante as olimpíadas, mas fazem parte da vida cotidiana dessas pessoas. Para a prática desportiva é importante conhecer sua classificação:
Dentro do desporto existem três classes:
- B1 – Cego total: pessoa que não possui percepção luminosa em ambos os olhos, podendo até ter percepção de luz, mas não reconhece formatos o em qualquer distância ou direção. Em testes apresenta uma marca abaixo de logMAR 2,6.
- B2 – Os praticantes nesse caso possuem percepção de vultos. inicia da capacidade em reconhecer a forma de uma mão. Nos testes apresenta a marca de 20/625 ((logMAR 1,5) a 20/800 (logMAR 2,6) e/ou campo visual menor que 10° de diâmetro.
- B3 – Esses praticantes já podem definir imagens. Apresentam marca de 20/200 (logMAR 1,0) a 20/500 (logMAR 1,4) e/ou campo visual menor que 40° de diâmetro (entre 10° e 40°).
Sabemos que a prática de esportes é de suma importância para uma maior consciência do corpo, o que facilita a instrumentação da vida e a prática de ressocialização adaptadas. O enfermeiro pode utilizar diversas atividades para contribuir para este processo. E, criar um plano terapêutico singular que envolva o esporte pode ser uma dessas atividades. Primeiro, deve-se compreender em qual classe se dá a deficiência visual da pessoa. Isso promove que o trabalho seja mais direcionado. É claro que a pessoa cega ou com baixa visão pode tentar qualquer coisa na vida, mas com orientação profissional, os caminhos são mais facilitados.
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O esporte pode promover para pessoas cegas ou de baixa visão (b1, b2 e b3) melhor desenvolvimento, inclusive a nível cognitivo-perceptivo do espaço, o que é o maior desafio para essas pessoas na vida, além de contribuir com o desenvolvimento de outros sentidos que não aquele da visão. Essa condição é muito importante, pois facilita atividades no ambiente doméstico e na rua, além de colocar a pessoa em condição de se perceber enquanto um profissional ou mesmo amador praticante de uma modalidade esportiva. O que contribui para uma melhor saúde mental dessas pessoas.
O que o enfermeiro deve saber para contribuir com a prática de atividades esportivas?
- Educar os usuários cegos ou de baixa visão sobre as possibilidades e Junto ao profissional de educação física, traçar estratégias para o inicio das atividades esportivas;
- Agregar o usuário em práticas esportivas com pessoas que não possuem deficiência, afinal, durante a pandemia jogadores da seleção brasileira de golbol realizaram treinos com pessoas sem deficiência;
- Discutir com a pessoa qual é a atividade mais preterida, lembrando que não se deve gerar limitações para que a pessoa realize a atividade, lembre-se que a sociedade já tenta diariamente fazer isso com as pessoas com deficiência, nós profissionais de saúde devemos ser um caminho para a possibilidade.
Vamos conhecer algumas das atividades esportivas que compõe o quadro olímpico:
- Atletismo: o paratleta é auxiliado por um atleta-guia e cordão de ligação, de acordo com o grau de deficiência que possui;
- Ciclismo: a bicicleta é adaptada e é denominada como tandem, possuindo dois assentos, sendo que o atleta com deficiência visual fica no banco de trás.
- Futebol de 5: Com quadra semelhante ao futsal e com a bola com Guizos internos, sendo que o goleiro é o único que enxerga.
- Goalball: esporte desenvolvido especificamente para pessoas cegas, a bola possui guizos e a arena precisa de silêncio na partida. A quadra é do tamanho de uma quadra de vôlei;
- Hipismo: restrita à modalidade de adestramento e atletas cegos contam com sinalizações sonoras para a sua orientação;
- Judô: possui quase que as mesmas regras da modalidade para não deficientes, mas os atletas começam a luta já em contato com o kimono do adversário, sendo o combate parado sempre que o contato é perdido;
- Natação: as viradas na piscina são acompanhadas de avisos e um bastão com a ponta de espuma, toca seus corpos, quando perto das bordas;
- Remo: Não há versão específica, mas as pessoas com deficiência visual integram equipe com atletas que possui função residual nas pernas;
- Canoagem: semelhante ao remo, mas a largada é adaptada a comandos sonoros ao invés de visuais;
- Triatlo: assim como nas provas de corrida do atletismo, os atletas cegos são acompanhados por um atleta-guia.
- Beisebol: As bolas são de maior tamanho e com guizo e bases apresentam totem de espuma com bipes para indicar direção;
- Boliche: possui localizador sonoro para orientar os atletas e pinos coloridos para orientar pessoas com baixa visão e pode ter um parceiro que indique os pinos que ainda necessitam ser derrubados;
- Crossfit: possuem diversos exercícios, adaptados com orientação e supervisão para que haja movimentos corretos, protegendo o atleta.
- Golfe: há ajuda de instrutores na orientações sobre a distância e direção da tacada e na geografia local;
- Musculação/Levantamento de Peso: como no crossfit, tem adaptações, necessitando apenas a orientação para a execução correta dos movimentos;
- Paraquedismo: pessoas cegas realizam saltos duplos, acompanhados de um instrutor;
- Surfe: as pranchas adaptadas costumam ser longboards com guizos nas pontas e pontos com relevo para garantir a orientação sonora e tátil. Sendo orientados quanto os melhores momentos de entrar e sair das ondas;
- Tênis de Mesa: é jogado com uma raquete de lateral plana, e com rede alta para permitir que bolas com guizo por baixo.
- Tiro com Arco: os atletas usam a sensibilidade tátil e são guiados por um assistente posicionado atrás da linha de tiro;
- Wrestling: o combate inicia-se com contato, onde uma mão vai na parte de cima do antebraço do oponente e a outra por baixo do cotovelo.
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Como podemos ver, são muitas as atividades que a pessoa cega ou com baixa visão pode fazer em relação a esportes. Os profissionais de enfermagem precisam conhecer primeiramente essas atividades, para que possam educar as pessoas com deficiência visual, quanto as possibilidades. A pessoa deve escolher a atividade e a equipe multiprofissional deve estar envolvida com o processo para propiciar as facilidades. Lembrando que saúde possui um conceito amplo e neste caso, há diversos benefícios para assistência. Assim, é importante em um plano terapêutico singular, junto ao usuário, construir essas diversas possibilidade.
Referências bibliográfica:
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