Praticamente após um ano do maior registro de mortes no mundo devido a Covid-19 (14,7 mil em 26 de janeiro) e algumas variantes depois, o Brasil e o mundo voltam aos poucos a retomada de suas atividades. Com o vírus SARS-CoV-2 e sua sequelas melhor mapeadas, a vacinação já atingindo a menor faixa etária em boa parte do Brasil e do mundo e amparados com a recomendação presente na nota técnica Covid-19 N° 62/2020 – SESA/SSVS/GEVS/NEVS e a NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 06/2020 (Revisão 2: 30 de março de 2021), os hospitais públicos e privados começam 2022 com mais fôlego para restabelecer o serviço de cirurgias eletivas.
O que é importante saber?
Segundo orientação da ANSIVA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), todo paciente não testado poderá ser considerado portador assintomático da Covid-19, portanto a equipe deve manter a atenção redobrada, seguir rigorosamente os protocolos institucionais desenvolvidos e avaliar constantemente sua capacidade de atendimento, sendo indicada a suspensão dos procedimentos cirúrgicos se o panorama epidemiológico assim exigir.
Neste momento, as instituições podem e devem contar com o auxílio da telemedicina para consultas pré-operatórias com cirurgiões, enfermeiros e anestesistas, uma vez que a Agência contraindica o comparecimento presencial no ambiente hospitalar com o objetivo de evitar a exposição desnecessária a agentes patogênicos.
Orienta-se a realização de RT-PCR, no dia do ato cirúrgico uma vez que os portadores do SARS-CoV-2 possuem risco elevado de complicações pós-operatórias, devendo o paciente que já contraiu a Covid-19 estar completamente recuperado e fora do período de transmissão para ser considerado apto a realização da cirurgia eletiva.
Ainda considerando os pacientes que foram expostos ao vírus, com casos suspeitos e confirmados, a ANVISA baseada na carta emitida de forma conjunta entre A Sociedade Brasileira de Anestesia (SBA) e a Sociedade Americana de Anestesia (ASA), indica que se devem respeitar os seguintes intervalos para a realização da cirurgia de maneira eletiva:
Expostos ao vírus SARS-CoV-2
- Exposto ao vírus SARS-CoV-2 através de contato direto com paciente infectado: 14 dias;
Positivo para COVID-19:
- Assintomáticos / sintomas leves não respiratórios: 4 semanas;
- Sintomáticos sem necessidade de hospitalização: 6 semanas;
- Sintomáticos / diabéticos / imunodeprimidos / hospitalizados: 8 a 10 semanas;
- Hospitalizado na UTI devido a Covid-19: 12 semanas.
Toda a equipe multiprofissional deve ser constantemente capacitada principalmente no que diz respeito ao uso e retirada dos EPIS evitando a contaminação acidental.
Outra orientação que deve ser seguida com rigor é a que discorre sobre a quantidade de profissionais presentes no ato cirúrgico, que deve ser a mínima possível e a circulação destes profissionais também segue limitada. Lembrando que o ato de intubação e extubaçao são momentos críticos e com grande dispersão de aerossóis.
Saiba mais: Cirurgias em tempos de pandemia por Covid-19
O enfermeiro como gestor deve estar atento à disponibilidade de recursos materiais adequados a assistência perioperatória (EPIS e materiais descartáveis) para as equipes em atuação e principalmente aos sinais de alteração de saúde dos colaboradores tanto no que se referente ao contágio por SARS-CoV-2, quanto no que diz respeito a saúde mental e sinais de síndrome de burnout, uma vez que este último tem tido aumento considerável entre os profissionais de saúde desde o início da pandemia.
Referências bibliográficas:
- ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota técnica GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 06/2020. Orientações para a prevenção e o controle das infecções pelo novo coronavírus (SARS-COV-2) em procedimentos cirúrgicos – revisão: 30/03/2021 (complementar à nota técnica gvims/ggtes/anvisa: nº 04/2020). Brasil, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/notas-tecnicas/nota-tecnica-06-2020-gvims-ggtes-anvisa.pdf
- ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota técnica covid-19 N° 62/2020 – SESA/SSVS/GEVS/NEVS. Recomendações de medidas de prevenção da transmissão de covid-19 para a realização de cirurgias eletivas. Brasil, 2020.
- Victer F. Qual o tempo ideal para uma cirurgia eletiva após a infecção pela Covid-19?. Portal PEBMED, 2022. Disponível em: https://pebmed.com.br/qual-o-tempo-ideal-para-uma-cirurgia-eletiva-apos-a-infeccao-pela-covid-19/#:~:text=6%20semanas%20para%20um%20paciente,UTI%20devido%20%C3%A0%20Covid%2D19. Acesso em: 25/01/2022.