Solicitações simultâneas de realização imediata, alto nível de complexidade assistencial e por vezes sobrecarga de trabalho, fazem do centro cirúrgico um ambiente com uma grande variedade de fatores estressores para a equipe de enfermagem. Dapper (2021) evidencia em seu estudo que o estresse pode ser considerado um problema de dimensões globais com grande incidência nos profissionais de saúde, onde dentre eles, a enfermagem possui o maior índice.
Quando somamos estes fatores ao fato de que a enfermagem por muitas vezes possui mais de um vínculo empregatício e condições de trabalho a quem do necessário, não é difícil deparar-se com uma equipe desmotivada e com diversos sintomas de estresse ocupacional identificados.
Ramos (2021) destaca que sintomas como ansiedade, distúrbios do sono, exaustão emocional e baixa imunidade são comumente identificados na equipe de enfermagem do centro cirúrgico.
Como mitigar o estresse?
Visto que um ambiente influenciado por estresse pode acarretar em erros por falta e atenção, é de extrema importância que exista um olhar diferenciado sobre o tema na alta gestão das instituições. É necessário considerar a criação de momentos de descompressão podendo contar com o auxílio das práticas integrativas, que são iniciativas de baixo custo, mas com grande valor agregado, para melhorar a qualidade de vida e o enfrentamento do estresse pelos indivíduos.
Montibeler (2018) destaca o uso da aromoterapia e da acupuntura como práticas integrativas de grande resultado para o enfrentamento do estresse ocupacional e sinaliza que esta equipe deve ser constantemente capacitada, pois, além do ambiente propicio a geração de fatores estressores, o estresse também é oriundo de características inerentes ao próprio individuo como, por exemplo, o nível de habilidade técnica e a autoestima/confiança na realização das tarefas.
Caregnato e Lautert (2005) apontam que divergências entre a equipe multiprofissional também podem ser fatores de gatilho para o estresse ocupacional dentro do bloco cirúrgico e para que isso seja minimizado é necessário um alinhamento entre estas diferentes equipes que pode ocorrer através do correto uso do check-list de cirurgia segura.
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É importante que cada instituição observe sua equipe e, preventivamente, desenvolva ações para melhoria dos processos correlacionados ao cuidado cirúrgico, uma vez que estes também podem ser fatores estressores para equipe como no estudo de Silva, Gomes e Corgozinho (2021) onde os enfermeiros relatam que o gerenciamento da unidade e seus processos, são uma das principais fontes de desgaste emocional.
Para Jacques et al (2015) a equipe de enfermagem atuante neste setor, apesar de possuir fatores intrínsecos e extrínsecos geradores de estresse, também atribui satisfação com seu trabalho quando neste encontram investimento para agregar conhecimento e reconhecimento profissional.
Referências bibliográficas:
- Dapper AS, et al. Estresse: uma realidade vivenciada pelos colaboradores de enfermagem no centro cirúrgico. Revista Eletrônica Acervo Saúde. 2021;13(4):e6918. DOI: 10.25248/reas.e6918.2021.
- Ramos CS, et al. Estresse ocupacional presente nas atividades da equipe de enfermagem em centro cirúrgico: Revisão integrativa. Research, Society and Development. [S. l.]. 2021;10(4):e13310413872. DOI: dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i4.13872.
- Silva TL, Gomes JRAA, Corgozinho MM. Nível de estresse entre profissionais de enfermagem em um centro cirúrgico. Revista SOBECC, São Paulo. 2021;26(2):71-76. DOI: 10.5327/Z1414-4425202100020002.
- Montibeler J, et al. Efetividade da massagem com aromaterapia no estresse da equipe de enfermagem do centro cirúrgico: estudo-piloto. Revista da Escola de Enfermagem da USP [online]. 2018;52. DOI: 10.1590/S1980-220X2017038303348.
- Jacques JPB, et al. Geradores de estresse para os trabalhadores de enfermagem de centro cirúrgico. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina. 2015;36(1):25-32. DOI: 10.5433/1679-0367.2014v35n2p25.
- Caregnato RCA, Lautert L. O estresse da equipe multiprofissional na Sala de Cirurgia. Revista Brasileira de Enfermagem [online]. 2005;58(5). DOI: 10.1590/S0034-71672005000500009.