As doenças reumáticas imunomediadas (DRIM) são um grupo heterogêneo de doenças que cursa com desregulação imunológica e inflamação sistêmica crônica. O principal grupo acometido são as mulheres em idade reprodutiva. Sabemos que as DRIM se associam com disfunção física e orgânica, que aumenta o risco de morte e piora a qualidade de vida.
A função sexual feminina está relacionada a uma série de fatores, como anatômicos, neurobiológicos e psicológicos. Dessa maneira, ela é comumente afetada negativamente por doenças crônicas.
Minopoulou et al. realizaram uma revisão sistemática da literatura e metanálise com o objetivo de avaliar a prevalência de disfunção sexual em pacientes com DRIM, além de tentar identificar possíveis correlações clínicas.
Saiba mais: Rastreamento e profilaxia de infecções crônicas e oportunistas em reumatologia
Métodos
Trata-se de uma revisão sistemática com metanálise que incluiu estudos prospectivos e retrospectivos a respeito da função sexual em pacientes do sexo feminino com doenças reumáticas imunomediadas (DRIM). Para serem incluídos, os estudos deveriam conter informações de questionários validados para investigação de função sexual (FSFI, Sexual Quotient Questionnaire for Females, McCoy Female Questionnaire, Arizona Sexual Experience Scale, entre outros). Avaliações não estruturadas ou com questionários não validados foram excluídas.
Os autores seguiram os procedimentos usuais para a realização de revisões sistemáticas e metanálises.
Resultados
Na busca de alta sensibilidade, foram identificados 3.692 artigos potenciais e avaliados 292 textos completos. Ao final, 68 foram incluídos na revisão sistemática e 65 na metanálise.
Incluiu-se ainda 5.457 pacientes com diagnóstico de DRIM. A idade média foi de 43,7±12,9 anos, com IMC médio de 26,2±5,9 kg/m2. A duração média da doença foi de 90,1±83,5 meses. Dentre os diagnósticos analisados, 43,5% tinham artrite reumatoide, 24,3% lúpus eritematoso sistêmico, 13,9% esclerose sistêmica, 7,5% síndrome de Sjögren primária, 4,8% doença de Behçet, 2,1% espondilite anquilosante, 1,7% miopatia inflamatória, 1,3% artrite psoriásica, 0,7% síndrome antifosfolípide, 0,1% doença mista do tecido conjuntivo e 0,1% vasculites.
A prevalência geral de disfunção sexual nas pacientes com DRIM foi de 63% (IC95% 56-69%, I2=94%).
A prevalência de disfunção sexual em pacientes sexualmente ativas foi de 60% (IC95% 53-67%, I2=88%).
As pacientes com vasculites, doença mista do tecido conjuntivo, síndrome de Sjögren ou artrite psoriásica apresentaram níveis maiores de disfunção sexual.
Leia também: Osteopenia em mulheres na pós-menopausa e a poluição do ar
Comentários
Essa revisão sistemática nos mostra que a disfunção sexual é extremamente frequente nas pacientes com DRIM. Dentre as ferramentas avaliadas, o FSFI foi a mais utilizada.
Já entre as limitações encontradas, os autores identificaram um potencial efeito de pequenos estudos (small-study effects).
Dessa maneira, é fundamental que o médico que assiste as pacientes com DRIM tenha conhecimento dessa questão e tente trabalhar esse ponto nas consultas, visto que isso pode gerar uma grande repercussão negativa na qualidade de vida dessas pacientes.
8 abr. 2024 
1 min. 
